Reação química

Mapa afirma que monoetilenoglicol pode se transformar em dietilenoglicol

Backer diz que não usa dietilenoglicol em seus processos, mas processo químico pode gerá-lo

Por Franco Malheiro e Paula Coura
Publicado em 15 de janeiro de 2020 | 18:17
 
 
 
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Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) afirmou, em coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (15), que existe a possibilidade química de que moléculas de monoetilenoglicol se transformem em dietilenoglicol. 

A hipótese foi levantada uma vez que a substância encontrada no lote de cervejas Belorizontina contaminado foi o dietilenoglicol, enquanto a cervejaria Backer afirma que no seu processo de refrigeração utiliza apenas o monoetilenoglicol.

“Existe a possibilidade de uma molécula de mono se transformar em dietilenoglicol, mas ainda não sabemos se isso aconteceu e nem como isso ocorreu. Estamos levantando o que temos de dietileno e o que temos de mono para aprofundarmos nesses estudos”, explicou o  coordenador geral de Vinhos e Bebidas do Mapa, Carlos Vitor Müller.

Müller, no entanto, ressalta que a presença de ambas substâncias na cerveja é indesejada, uma vez que as duas são tóxicas para o consumo humano. 

Notas

Conforme o coordenador, em inspeções na cervejaria foram encontradas notas de compra da substância monetilenogilicol referentes aos últimos dois anos. Segundo Muller, a Backer adquiriu durante esse período 15 toneladas do produto. Ele ressalta que a quantidade é considerada acima da média, uma vez que o produto é utilizado apenas para a refrigeração. 

Ambiente ácido

O professor doutor titular do departamento de química da UFMG, Claudio Donnici, explicou que a substância dietilenoglicol não faz parte do processo de produção da cerveja."Ela faz parte do processo de resfriamento da cerveja, mas não da produção", frisa.

O doutor ainda detalhou que a substância monoetilenoglicol só poderia se "transformar em etilenoglicol em "ambientes muito ácidos". "O monoetilenoglicol só se transforma em dietilenoglicol com catalisadores ácidos". "Na própria análise química no processo da perícia, com uso de substâncias, há possibilidade do monoetilenoglicol se transformar em dietilenoglicol", complementa.

Alerta

O doutor Donnici explica que tanto o monoetilenoglicol quanto o dietilenoglicol podem ser metabolizados pelo organismo humano.

"Uma pessoa com 80 quilos, por exemplo, teria que consumir 11 gramas de dietilenoglicol para estar intoxicada. As pessoas não precisam ficar apavoradas", frisa.

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