Depois de um químico contratado pela cervejaria Backer ter informado que não constatou contaminação por dietilenoglicol e monoetilenoglicol em amostras da água utilizada pela empresa na produção das cervejas, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) contestou o resultado.
Em exames realizados pela pasta, foram notificados, até o momento, dez rótulos da cervejaria que estão contaminados pelas substâncias, representando um total de 32 lotes de cerveja. Além disso, o Mapa identificou a contaminação na água utilizada no processo de resfriamento do mosto cervejeiro (matéria prima da cerveja), etapa anterior à fermentação dos produtos.
Segundo o órgão, para as análises das amostras, os técnicos utilizaram um procedimento denominado de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas, a qual, de acordo com a literatura científica consultada, é a técnica mais indicada para análise dessas substâncias. O Mapa reiterou também que o processo dificilmente apresentaria erros e é o mesmo utilizado pela agência americana Food and Drug Administration (FDA) para a determinação destes compostos.
“Estas análises detectaram a presença dos contaminantes em amostras coletadas na cervejaria pelos Auditores Fiscais do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal em Minas Gerais, na água residual do trocador de placas e no tanque de agua utilizada para resfriamento de mosto. A atuação da fiscalização federal agropecuária é dotada de fé pública e auxilia a apuração deste caso em parceria com demais órgãos participantes desta força tarefa”, ressaltou o órgão por meio de nota.
Laudo da Backer
Uma análise feita por um químico da UFMG contratado pela empresa mostra que não foi encontrado dietilenoglicol na água da cervejaria. As amostras enviadas para a análise, contudo, foram coletadas pela própria empresa e enviadas ao perito contratado.
Segundo Bruno Botelho, professor do departamento de química da UFMG, amostras da água vieram das caixas d’água, do restaurante, do tanque e do trocador de calor.
Sobre a diferenciação na análise do Ministério, de acordo com Botelho, o resultado diferente é fruto do processo de metodologia.
“Eu não sei qual é o método analítico que eles estão usando, não sei qual o procedimento feito para a análise, então não posso afirmar se é o resultado esperado ou não. Eu utilizei cromatografia a gás com espectrometria de massas. Todo método analítico tem um parâmetro que chama limite de detecção. Eu não sei qual o limite de detecção do Ministério. Não é para rebater. Eu realizo as análises para a cervejaria”, afirmou.