As chuvas intensas que vêm causando alagamentos em Belo Horizonte ainda vão se arrastar por pelo menos mais duas semanas. A previsão para março – mês que fecha o período chuvoso, iniciado em setembro – é de mais pancadas de chuva em um curto período de tempo, o que intensifica os problemas na cidade. De acordo com o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Claudemir de Azevedo, a expectativa é que março ultrapasse a média de água da chuva esperada para o mês – somente em 11 dias, já choveu 86% do previsto (169 mm de água de 197,5).
A previsão indica que, na próxima semana, o forte temporal que causou inundações na região central na última quinta-feira (7 de março) deve se repetir. “Ainda deve chover até esta terça-feira (12). Depois, haverá uma pausa, com o retorno da chuva, recorrente e em forma de pancadas, na semana que vem. É uma tendência para o período a ocorrência de alagamentos e de risco geológico, já que as chuvas devem cair todos os dias. As áreas de risco devem ser monitoradas para evitar adversidades”, explica Azevedo. Segundo ele, quanto maior o volume de água da chuva, maior o escoamento que leva a enchentes e, com o solo molhado, aumentam as chances de deslizamentos de terra.
O meteorologista reforça que o verão, estação do ano que vai até dia 21 de março, é o ápice do período chuvoso. “O mês está inserido nesse contexto, de ápice das chuvas. Sofre uma influência da passagem de frente fria pelo litoral, e as precipitações estão associadas à combinação do calor com a alta umidade do ar. Então, na maioria das vezes, as chuvas caem ao final da tarde, acompanhadas de raios e rajadas de vento”, afirma.
De fato, a estimativa para os próximos dias é que não haja queda de temperatura – o calor vai permanecer em Belo Horizonte. Até sábado (15 de março), a temperatura deve chegar a 32ºC. Já, na semana que vem, com o aumento das chuvas, cai um pouco, chegando à média de 28 a 30ºC. “Virá uma sequência de chuvas em forma de pancadas a partir da semana que vem até, pelo menos, o dia 25 do mês”, avisa Claudemir de Azevedo.
Chuvas intensas têm influência do El Niño
O meteorologista explica que, este ano, o período chuvoso conta com a influência do fenômeno El Niño. Na prática, o efeito causa a formação de precipitações rápidas, que duram poucas horas, mas mais intensas – com maior volume de água. “O fenômeno causa o aquecimento das águas no oceano pacífico e modifica a circulação da atmosfera, impactando a condição do tempo. Em BH, estamos tendo temperaturas elevadas, o que favorece pancadas de chuvas intensas, mais violentas”, explica.
Já o próximo período chuvoso será de La Niña
A partir de setembro deste ano, no entanto, a condição de temperatura e precipitações em Belo Horizonte deve mudar. É que o fenômeno El Niño será substituído por La Niña. “Enquanto o primeiro aquece o oceano, o segundo o resfria. Então, a expectativa é termos um próximo período chuvoso de temperaturas mais baixas e chuvas contínuas, aquelas duradouras, que perduram por vários dias consecutivos”, alerta Claudemir de Azevedo.
Período chuvoso em Minas Gerais
De 27 de setembro de 2023 até 11 de março de 2024, as chuvas deixaram 2.639 pessoas desalojadas em Minas Gerais (aquelas que são obrigadas a deixarem suas casas e são acolhidas por parentes e amigos) e 399 desabrigadas (aquelas que são encaminhadas para abrigos públicos). Além disso, seis mineiros morreram por desastres causados pelas chuvas. As informações constam no Boletim da Defesa Civil Estadual.
PBH garante monitoramento de risco 24 horas
De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o Grupo de Gestão de Risco e Desastres (GGRD), composto por uma equipe multiprofissional, cumpre com a missão de monitorar os efeitos das chuvas na cidade e definir medidas emergenciais necessárias durante todo o período chuvoso.
O acompanhamento ocorre no Centro de Operações da Prefeitura (COP-BH), onde mais de 3 mil câmeras monitoram, em tempo real, “ocorrências rotineiras ou críticas relacionadas às chuvas, tais como alagamentos, enxurradas, inundações e quedas de árvores”. O Executivo afirma que, diante de situações de alerta, as linhas de ação são decididas imediatamente para agilizar o atendimento de forma integrada.
“O COP-BH mantém o seu funcionamento em tempo integral, 24 horas por dia, todos os dias da semana, ficando com a atenção voltada para as ocorrências relacionadas com as chuvas. Este ano, 145 colaboradores da Sala de Controle Integrado do COP-BH passaram por treinamentos no Protocolo de Atuação Integrada em Eventos de Chuva e diversos exercícios simulados foram realizados com a participação de agentes de campo para possibilitar respostas ágeis para eventuais ocorrências”, afirma a PBH.