Com a redução de público dentro do Mercado Central, limitado a 370 pessoas, donos de bares do Mercado Central estão usando, desde setembro, parte da Avenida Augusto de Lima, que fica enfrente ao centro de compras, para colocar mesas e assim evitar aglomeração em dias de sábado. A autorização para uso da via vale até o fim da pandemia do novo coronavírus, porém, a administração do Mercado já estuda manter o espaço externo mesmo depois desse período pandêmico e quer ampliar também para os domingos.

Parte da rua que virou uma "extensão" dos bares do mercado é cercada por gradil e assim como na área interna, o espaço também limita o número de pessoas. Do lado de fora podem ficar 140 pessoas sentadas às mesas e para entrar no espaço, é necessário medir a temperatura e usar álcool em gel. O funcionamento dos bares no espaço acontece somente aos sábados, de 11h às 19h, segundo alvará expedido pela Prefeitura de Belo Horizonte.

Neste sábado (28), a reportagem de O Tempo acompanhou a movimentação no mercadão e em nenhum dos bares do lado de dentro do mercado havia sequer uma mesa vazia. Pouco antes do meio dia, as mesas alocadas na parte externa começavam a encher, e nem mesmo o aumento dos casos de Covid-19, inibiu a ida dos belorizontinos e dos turistas ao espaço

A atendente Camila Adriana Marçal, de 19 anos é uma das atendentes que trabalha em um dos bares do Mercado Central que disponibilizou mesas na rua. Ela diz que a procura pelos bares tem sido tanta que os clientes fazem filas para esperar a vez de ser atendido. "De 11h até umas 5 da tarde fica bem cheio e tem gente que espera na fila. Eu limpo todas as mesas com álcool e uso máscara para me proteger e não ter problema com essa pandemia", disse.

Uma das primeiras mesas a ser ocupada na área externa do Mercado neste sábado (28) foi ocupada pela família da estudante Tairyne Langsdorff, de 25 anos. Ela mora em Candeias, um distrito na região do Sul de Minas e colocou na rota dos passeios a ida ao mercadão, um dos pontos turísticos da capital. "Vim para aproveitar com a família. Achei o ambiente seguro porque estamos em espaço aberto. Trouxemos até uma criança conosco por ter certeza de que não há riscos ",disse.

Do lado de dentro do mercadão, uma das mesas de bar era ocupada pelo despachante Willian Alves Ferreira,  de 46 anos. O frequentador do mercado disse que sabe dos riscos durante a pandemia do novo coronavírus, mas não abre mão de tomar uma cerveja no local. "Fiquei um tempo sem sair de casa por causa da pandemia, mas agora tenho vindo aqui. Sei dos riscos da Covid-19, mas venho assim mesmo e ainda trouxe dois primos de outra cidade. A diferença de agora para antes (da pandemia) é que dava para interagir quem estava em outras mesas", disse.

"Começamos em setembro, quando a prefeitura voltou a autorizar a colocação das mesas nas calçadas. A alimentação buscou essa alternativa por causa dos bares de passagem (com balcão estreito). Nosso alvará vale enquanto durar a pandemia, mas, há intenção de manter esse espaço. O turista e o mineiro gostaram", disse Luiz Carlos Braga, Superintendente do Mercado Central.

Nem todos aderiram

A estratégia de usar mesas do lado de fora do Mercado Central não foi usada por Júlio Palhares, de 58 anos, dono de um bar no espaço há 6 anos. Para o proprietário a estratégia foi uma boa alternativa, mas no caso dele mesmo foi apenas uma escolha. "Com a redução do funcionamento com a pandemia o pessoal não parou de vir, mas, fica menos tempo e acaba comprando menos. Por isso optei ficar só aqui dentro mesmo. Consigo mantes o espaço, pagar as contas e estou com boas expectativas" justificou.

Nem todos os setores estão em alta

Se para os bares a movimentação está positiva e valeu até um novo espaço na rua, em outros setores a clientela caiu. Quem percebeu a queda foi Elias Ferreira Sobrinho, de 83, proprietarío de uma das lojas de artesanato do espaço. "Com fila para entrar, pouca gente vem aqui. Com boteco até que não tem problema, mas aqui a vida está é muito difícil. Turista mesmo só vai em bar mesmo", relata. 

Em uma loja de laticínios que fica bem perto de um movimentado bar dentro do Mercado Central, a vendedora Leia Avelino, de 44 anos, comenta que na área onde ela trabalha houve redução drástica na clientela. "Aqui o movimento não caiu, mas despencou", disse.

Limite de público

A entrada no Mercado Central está limitada a 370 clientes neste período de pandemia, quando aglomerações devem ser evitadas. Em cada portaria são entregues fichas para os clientes e quando acabam o limite de entradas, as grades são fechadas.  A liberação só acontece quando novas fichas são entregues por quem estava dentro do centro de compras. O uso de máscaras é obrigatório e também é preciso higienizar as mãos com álcool em gel 

Antes da pandemia, o Mercado Central atendia, em média, 31 mil pessoas por dia. 

Cheio, mas, sem aglomerações

Apesar de cheio neste sábado (28), a reportagem não viu aglomeração dentro do Mercado Central. Alguns vendedores relataram que o comportamento do público mudou com a pandemia e as pessoas vão direto ao que querem comprar e permanecem menos tempo nas lojas e balcões.

Todas as pessoas que estava no espaço, exceto as que bebiam e comiam nos bares, estavam usando máscaras de proteção. Em vários espaços do centro de compras, incluindo as portarias, estavam disponíveis recipientes com álcool em gel.