Dia após dia, o cenário na Farmácia de Minas permanece com longas filas para a retirada gratuita de medicamentos. A unidade, localizada na avenida do Contorno, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, amanheceu mais uma vez com um alto volume de pessoas, mesmo após o anúncio de medidas pela Secretaria de Estado de Saúde (SES).

A reportagem tem acompanhado com frequência a situação da Farmácia de Minas, e o panorama de filas extensas pouco muda. Um ponto positivo observado na manhã desta segunda-feira (27), porém, foi a redução no tempo de espera, de três ou quatro horas para duas ou uma hora e meia na fila. Caso de Nora Perácio, de 62 anos, que chegou às 5h15, sendo atendida por volta das 7h20. Ela retira o medicamento olanzapina para o filho. 

“Hoje cheguei cedo porque tinha ouvido falar que estava cheio. Pego para o meu filho, que tem necessidade especial. Estava preocupada pra saber como seria hoje. Lá dentro está organizado. Tinha o agendamento para 7h30, um rapaz conferiu meu agendamento, e uma moça veio em seguida entregando a ficha”, conta Nora, que é aposentada.

José Eustáquio Ferreira, de 66 anos, busca três medicamentos para uso próprio: lanreotida, cabergolina e atorvastatina, este sem encontrar na Farmácia de Minas pela segunda vez. Ele trata de problemas na tireoide, de pressão e no coração e teve reduzido quase pela metade o tempo de espera em relação à busca no mês passado.

“Demorei menos hoje que da última vez. Eu me preocupei pra vir hoje, ainda mais com essa crise. Saí de casa 4h45 e cheguei aqui quase 6h. Da última vez, esperei três horas para ser atendido”, conta Ferreira, atendido por volta das 7h30 desta segunda. Aposentado, mora no bairro Eldorado, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. 

O tempo de espera foi reduzido, mas a fila continua grande. Ao longo de sua extensão, alguns pontos registram distanciamento entre as pessoas, outros, não. A SES chegou a anunciar algumas medidas para conter as aglomerações.

Por meio de nota, a pasta informou que com a adaptação de fluxos e normas de atendimento à população devido à Covid-19, houve mudança também no comportamento do usuário da Farmácia de Minas de Belo Horizonte, mais precisamente na avenida do Contorno.

"A SES-MG informa que a unidade atende a população tanto agendada, quanto não agendada contabilizando, em média, mais de 2 mil pessoas diariamente. Em vésperas ou retorno de feriado há aumento significativo do público não agendado para buscar medicamentos de forma antecipada ou posterior ao agendamento.

Os pacientes que formam a fila, tradicionalmente, estão sentados no espaço que comporta cerca de 100 pessoas. Além disso, há orientação para que seja mantida uma distância mínima de segurança de quem está na fila. A orientação aos usuários sobre medidas de proteção e prevenção é feita tanto na fila, quanto no espaço interno.

Para aperfeiçoar o atendimento, várias ações estão em estudo e outras estão em implementação ou iminentes, como a dispensação em casa anunciada pela SES-MG. Outras, como a dispensação de quantitativo equivalente a dois meses para o paciente estão sendo avaliadas. A Secretaria reitera a importância da segurança da população e a necessidade de não exposição dos usuários da Farmácia que estejam no grupo de risco, podendo utilizar a declaração autorizadora (https://www.saude.mg.gov.br/declaracaoautorizadora), disponibilizada pelo aplicativo MG APP e pelos sites www.cidadao.mg.gov.br e www.saude.mg.gov.br",
disse.

Entrega em domicílio

Inicialmente, o projeto piloto já está funcionando em Juiz de Fora e a partir desta terça-feira (28) começará a funcionar em Belo Horizonte.

Por meio de um levantamento, chegou-se ao número de 1.682 potenciais pacientes portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e asma residentes na capital mineira, e 730 potenciais pacientes portadores de DPOC, asma e hipertensão pulmonar no município de Juiz de Fora. 

Hemodiálise

Ainda de acordo com a SES,a pasta realizou parcerias para dispensação de medicamentos para pessoas que fazem tratamento de hemodiálise com objetivos de favorecer a logística da população, diminuir aglomeração na unidade da Farmácia Regional e, consequentemente, reduzir o risco já que são população de risco e mais vulneráveis. A ação atende a cerca de 1400 usuários do espaço.

"Dessa forma, mesmo que recebam um medicamento para tratamento de outra doença todo os medicamentos serão encaminhados para a clínica em que fazem o tratamento.  Assim, os pacientes de hemodiálise das clínicas abaixo, receberão o medicamento exclusivamente no local", informou.

• Nefron de Contagem;
• Instituto Mineiro de Nefrologia de Belo Horizonte- Rua Dos Aimorés, 200 – Funcionários-Belo Horizonte ;
• Hospital Universitário Ciências Médicas;    ;
• Hospital da Baleia;
• Hospital São Francisco;
• Fundação Hospitalar Nossa Senhora De Lourdes- Rua Madre Tereza- Centro- Nova Lima.

"Finalmente, quanto à dispensação em quantitativo maior, ressaltamos que a entrega em volume maior depende da manutenção da margem de segurança do estoque de alguns itens, para que não se corra o risco de que alguns pacientes fiquem desassistidos. Já em relação ao agendamento e o tempo de espera, não há relação direta. O agendamento e tempo de espera não estão diretamente ligados. Em virtude da dificuldade dos pacientes em conseguir atendimento médico para obtenção de receitas, relatórios, realização de exames e também da impossibilidade daqueles pertencentes ao grupo de risco comparecerem à unidade, muitos usuários têm se deslocado para a farmácia da regional de Belo Horizonte fora do horário agendado", concluiu.

Medidas anunciadas

A SES vai começar, nesta terça (28), a entrega de medicamentos em casa para potenciais pacientes de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e de asma residentes na capital. A medida estipulou beneficiar 1.682 pessoas em um primeiro momento e também vinha sendo adotada na cidade de Juiz de Fora, na Zona da Mata.

Antes disso, a SES chegou a anunciar a parceria com clínicas de terapia renal substitutiva do SUS com o intuito de que alguns pacientes buscassem seus medicamentos diretamente nesses centros, onde já realizam suas sessões de hemodiálise. A ideia foi fazer com que as pessoas não precisassem buscar a unidade da Farmácia de Minas, evitando filas e aglomerações.

A secretaria também já havia falado sobre a possibilidade de os usuários que fazem uso contínuo de determinado medicamento retirarem uma quantidade suficiente para dois ou três meses, o que evitaria o retorno rápido.