A mineira Lidiane Chagas, 31, ficou tetraplégica após ser atingida por dois tiros disparados pelo ex-namorado em 2004. Ela não caminha desde os 17 anos. História parecida com a da cearense Maria da Penha Maia Fernandes, que dá nome à lei de combate à violência doméstica no Brasil, em vigor desde 2006. Ela também foi baleada pelo ex em 1983 e vive em uma cadeira de rodas.
Assim como Maria da Penha, a mineira tornou-se militante da causa. Passou a estudar direito e, como ativista, busca fazer de sua história de vida uma bandeira para tentar mudar a brutal realidade da violência de gênero. “Estou nessa causa de coração aberto defendendo todas nós, mulheres. É importante nos unirmos, temos que falar para que a Justiça aconteça”, conta.
Ela foi atingida por dois tiros, sendo um na nuca e outro na perna, seis meses depois do término de um relacionamento de um ano e meio. A lesão de Lidiane foi diagnosticada durante os cinco meses que passou internada no Hospital João XXIII, na capital. “Em alguns momentos, eu sofria por não caminhar mais, mas também por arrependimento de ter ficado nessa situação. Hoje eu sei que fui vítima”, desabafa.
Mais de uma década depois do episódio, Lidiane começou a dar palestras sobre sua história. Até então, ela só dava testemunhos na igreja. Ela e o ex estudavam na mesma escola e começaram a namorar aos 14 anos. Ela percebeu que se calar só acobertaria ainda mais casos de violência contra mulheres. Lidiane não apanhava, mas o comportamento abusivo do ex-companheiro causou perdas e danos irreparáveis.
“Comecei a ver nele coisas que não me agradavam. Ele mentia, não gostava de estudar e vi que nossos princípios não batiam. Quis colocar um ponto final. Ele nunca me agrediu até então, só pedia para voltar. Mas um dia, voltando de um jantar com minha mãe, ele estava me esperando em um beco perto de casa”, concluiu.