O monitoramento mais rigoroso do tráfego, a análise de dados e a elaboração de campanhas educativas voltadas para motoristas e pedestres pode ter contribuído para que Belo Horizonte tenha sido uma entre as seis capitais brasileiras a alcançarem a meta de reduzir em 50% o número de mortes no trânsito antes do fim do prazo estipulado pela Organização das Nações Unidas (ONU), que compreende o intervalo entre 2011 e 2020.
Conforme mostrou reportagem publicada ontem em O TEMPO, além da capital mineira, apenas Rio Branco (AC), Salvador (BA), Aracaju (SE), Curitiba (PR), e Porto Alegre (RS) se adiantaram e cumpriram o pacto com a entidade antes do previsto.
Dados divulgados no relatório Programa Vida no Trânsito, da Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans), revelam que em 2011, a capital mineira registrou 14,17 mortes para cada 100 mil habitantes. Em 2018, o número de óbitos caiu para 6,52 para cada 100 mil belo-horizontinos, o que representa uma redução de 54,01% desde que o pacto foi firmado com a ONU. O levantamento não contempla ocorrências de 2019.
Belo Horizonte ocupa o terceiro lugar no ranking das capitais que mais reduziram o número de acidentes com mortes, atrás apenas de Rio Branco (AC), com queda de 64,22% e Salvador (BA), com redução de 54,85%. Florianópolis (SC) e Palmas (TO), foram na contramão da meta e tiveram alta de 5,75% e 2,70%, respectivamente.
Prevenção
Para a diretora de Planejamento e Informação da BHTrans, Elizabeth Moura, a queda do número de óbitos em acidentes de trânsito na capital pode ser justificada por uma série de fatores. Entre eles, ela destaca o monitoramento dos pontos onde o trânsito é mais crítico. “Todos os anos, fazemos um relatório com os registros de acidentes com e sem vítimas fatais. Entendemos o que os causou e, a partir desse mapeamento, aplicamos medidas que solucionar o problema”, explicou.
Ainda segundo Elizabeth, a conscientização da população também é fundamental para reduzir acidentes. “Não basta só a BHTrans adotar medidas (preventivas). Se a população não fizer a parte dela, respeitando as regras de trânsito, a sinalização, a velocidade máxima da via e o tempo semafórico e outros, não adianta”, afirmou.
Foi a imprudência de um condutor, que não teria feito a manutenção preventiva do veículo, que quase tirou a vida da profissional de construção civil Rita de Cassia Ferreira, 40. Ela transitava pela avenida Antonio Carlos, região da Pampulha, em janeiro deste ano, quando o carro em que ela estava foi atingido por um caminhão sem freios. “O susto foi tão grande que precisei esperar um tempo até conseguir sair do carro”, relembrou.
Ocorrências
De janeiro a outubro deste ano, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) registrou 94 acidentes com ao menos uma morte.
Vítimas
Conforme a BHTrans, em 2018, dos 154 acidentes com mortes em BH, 67 foram por atropelamento.
Imprudência causa maioria dos acidentes
Segundo relatório divulgado pela BHTrans em 2018, dos 154 acidentes com vítimas fatais registrados naquele ano, 37% foram causados por desrespeito às regras de circulação. Outros 33,1% tiveram como causa o comportamento inadequado do pedestre e 22,1% o desrespeito à velocidade.
Para alertar a população sobre a importância de respeitar as regras de trânsito, a BHTrans tem apostado na realização de diversas ações educativas com foco na redução de acidentes.
Lançada neste ano, a campanha “Eu também faço parte do trânsito. Para um trânsito mais seguro, é preciso da consciência e gentileza de todos” prioriza a redução de acidentes que envolvem pedestres e ciclistas. Juntos, eles representam 44,8% das vítimas que perderam a vida no trânsito de BH, em 2018.