Moradores do condomínio Estância Serrana, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, cobram da prefeitura da cidade a reconstrução de vias de acesso ao local que foram danificadas pelas chuvas. A associação de moradores disse que o problema se estende há vários anos, mas se intensificou com as chuvas de janeiro de 2019. Eles alegam ter usado dinheiro próprio para reparos paliativos, e os gastos totalizariam R$ 60 mil. A prefeitura informou que uma das obras será iniciada nos próximos dias, e a outra, teve o projeto readequado, além de realizar trabalhos de manutenção em toda a cidade.

As chuvas intensas que atingiram a região no início deste ano provocaram uma série de desabamentos dentro do complexo, dificultando a passagem de veículos. “Nós tivemos no mínimo 13 deslizamentos, sendo um mais sério, e outros, menos sérios. Na entrada, por exemplo, tivemos um desmoronamento que danificou 40% da rua e criou uma diferencial de altura de cerca de 50 metros. Se cair uma pessoa lá, é morte certa”, disse Walter Dantas Rodrigues, 76, presidente da associação de moradores Estância Serrana.

O bairro Estância Serrana tem ao todo 120 casas, e cerca de 2500 carros circulam por dia no local, entre veículos de moradores, visitantes e prestadores de serviço, segundo a associação. Além desse conjunto, pelo menos seis outros condomínios que fazem parte do Vale da Mutuca estariam sendo afetados pelos barrancos que cederam. A reportagem passou por ruas do condomínio e constatou trechos com estreitamento de pista por danos no solo e que há trânsito de carros de passeio, caminhões e motocicletas.

Segundo o presidente da associação de moradores, os condôminos fizeram contatos com a administração municipal e temem que as obras sejam adiadas por causa do próximo período chuvoso. “A prefeitura disse que vai realizar a obra, que fizeram o orçamento e o levantamento topográfico. No entanto, nós já estamos em junho, e a chuva retorna em novembro. Até lá quantas ruas vão cair? Se temos essas ruas com 40% comprometidas, com a próxima chuva, vai ficar inviabilizado", alega Walter.

O síndico do condomínio, Fábio Doyle, também afirma que busca uma solução junto à administração municipal. “As cobranças diretas com a prefeitura começaram no fim de janeiro”, diz.

Sobre a paralisação dos trabalhos de manutenção no município, a prefeitura alega que há serviços que não puderam ser realizados em períodos chuvosos por motivos técnicos e para preservar a segurança de trabalhadores, motoristas e pedestres.

Risco

Além do impacto no trânsito, os desmoronamentos de terra podem atingir a estrutura de casas do condomínio, de acordo com Walter. "Temos um local onde houve uma queda de barranco, só que continua com risco de cair, na rua Araras, e ele foi dado como instável. Esse tipo de obra deveria ser feita para prevenir eventuais desmoronamentos", reclama o presidente da associação. Sobre os reparos nessa rua, a prefeitura informou que foi preciso readequar o projeto inicial.

Paliativos

Enquanto esperam pela solução do problema por parte da prefeitura, o próprio condomínio tenta amenizar o problema com recursos próprios. "Tudo o que foi destruído, toda a erosão foi retirada por nós. Tivemos que contratar uma centena de caminhões por um custo muito alto, e a prefeitura diz que vai ressarcir. Gastamos pelo menos R$ 60 mil", alega Walter.

Frustração

Sheilla Ferreira, 62, moradora do conjunto há 10 anos, se sente frustrada ao ver o local se deteriorar. "A gente mora em um lugar sossegado, a gente investe nisso, às vezes você gasta uma vida inteira juntando dinheiro para vir para cá, porque não é um lugar barato, e de repente você se depara com uma coisa dessa. É inacreditável. A gente, às vezes, sente que é falta de empenho da própria prefeitura”, lamenta a funcionária pública federal aposentada

Os deslizamentos de terra dificultam a saída dos moradores e, segundo Sheilla, eles já chegaram a ficar sem acesso a rodovias. “A gente passou alguns isolamentos, porque se acontece alguma coisa na rua Araras, antes da rua que vai para o Bosque da Ribeira, a gente fica isolado. Aí a gente tem que passar por outros condomínios, pedir licença, e sair na BR”, conta.