Barão de Cocais. Desde o dia 8 de fevereiro deste ano, quando ocorreu a primeira evacuação de moradores que moram próximo à barragem sul superior da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, na região Central do Estado, que a motorista Emília de Jesus Gonçalves, 32, não para de pensar na segurança da família e do patrimônio.
Moradora do bairro São Benedito, um dos primeiros que poderia ser atingido em um possível rompimento da barragem e com o rio São João passando a cerca de 30 metros de casa, ela conta que a rotina diária foi bastante alterada.
“Desde 8 de fevereiro primeiro a gente pensa na barragem. Os documentos da casa da gente fica tudo no carro. Se a gente vai sair, deixa um vizinho avisado. Bolsa está pronta com algumas peças de roupas. A gente não recebe visita mais, a gente só fica em casa. Estamos prisioneiros, dentro das nossas próprias casas. A gente não tem vida mais”, disse explicou Emília de Jesus.
Veja relato:
A moradora conta que precisa tomar remédios fortes para dormir, devido a um acidente que sofreu, entretanto deixou de fazer uso, com medo de que não acorde no caso de alguma tragédia pela madrugada. Seu maior medo é não conseguir sair a tempo de casa e salvar seu filho, de um ano e 10 meses.
“Meu marido trabalha na mina de Sabará e desde a evacuação do dia 8 de fevereiro ele já perdeu vários dias de trabalho. Imagina a cabeça dele, deixar esposa, um filho de um ano e 10 meses, o pai que é hipertenso. Que cabeça a pessoa fica de ir trabalhar fora?”, questiona Emília de Jesus.
Ela conta que tinha intenção de investir na reforma da casa, entretanto, com a dúvida sobre a estabilidade da barragem, desistiu da ideia. Com orgulho, ela também exibe o jardim no fundo de casa, com diversos tipos de plantas e lamenta que possa perdê-las.
“Minha vida em primeiro lugar, mas isso daqui é patrimônio da gente. A gente lutou muito para conseguir. A casa própria da gente é o patrimônio que a gente trabalha demais para ter”, disse Emília de Jesus.