Os moradores de Rio Casca, na Zona da Mata, estão apreensivos após a morte de peixes no rio que dá nome ao município. De acordo com as informações repassadas, trata-se de um desastre ambiental provocado pelo rompimento de uma represa com rejeitos de suínos. As estimativas são de que ao menos uma tonelada de peixes tenha morrido em decorrência da contaminação da água.

“Infelizmente, não é de hoje que o Rio Casca vem sofrendo com ações de fazendeiros, principalmente pessoas que trabalham na suinocultura. Dessa vez, aconteceu de novo. Houve uma grande mortandade de peixes e outros animais, como capivara”, explicou José Paulo Ribeiro Fontes, cujo pai é morador da cidade.

A principal preocupação, segundo ele, diz respeito à situação das pessoas que fazem uso da água no dia a dia. “Isso aconteceu da quinta para a sexta-feira, e até hoje está chegando peixe morto lá. Estamos preocupados, porque já há relatos de pessoas que passaram mal, e está todo mundo desesperado. Nossa preocupação é porque a água está imprópria para consumo, e as pessoas fazem uso para beber e para outras atividades”, explicou.

Ainda de acordo com José Paulo, a secretaria municipal de Meio Ambiente, junto com a Copasa, estariam alegando que a água está própria para o consumo.

Procurada, a Copasa informou que a captação de água bruta no Rio Casca foi suspensa na madrugada do dia 1º. Segundo a estatal, o processo foi retomado “somente após a constatação, por meio do monitoramento da qualidade da água bruta, que a mesma estava apropriada para o tratamento e distribuição para consumo da população”.

A companhia também destacou que “apesar do ocorrido, a água tratada e distribuída na cidade de Rio Casca, atente a todos os padrões de potabilidade preconizados pelo Ministério da Saúde”.

Por meio de nota, a 12ª Companhia da Polícia Militar Ambiental confirmou a ocorrência. A corporação foi acionada no dia 1º de maio, por meio de denúncia anônima. "Durante a fiscalização, foi constatado o rompimento de uma lagoa que recebe os dejetos sem tratamento, com dimensões de 52 metros de cumprimento, por 40 metros de largura, por 6 metros de profundidade, com um volume estimado em 12.000m³ de litros de dejetos", informou a PM Ambiental. 

De acordo com as informações, os dejetos atingiram um trecho de vegetação nativa e de pastagem, assim como o quintal de alumas residências. "Posteriormente atingiu um pequeno córrego local, em toda sua extensão, num percurso de 1,2 quilômetros, que consequentemente atingiram os demais recursos hídricos à frente até chegar ao leito do Rio casca que recebera toda carga de dejetos, tendo sido atingido numa extensão de 10,9 quilômetros, ocasionando a mortandade de peixes, de espécies diversas", acrescentou

Ainda de acordo com a PM, o Núcleo de Emergência Ambiental (NEA) e a perícia técnica foram acionados. "Os trabalhos ainda continuam, e providências administrativas e penas em conjunto com o NEA serão tomadas, bem como a devida reparação ao meio ambiente". Os agentes já identificaram o proprietário da granja que causou o vazamento e há indícios de crimes ambientais. Medidas administrativas serão adotadas pela PM Ambiental e pelo NEA. Além disso, a corporação informou que o Ministério Público da região também acompanha o caso.