CIDADES

Motociclistas pedem passagem

Proposta apresentada na Câmara de BH prevê faixa preferencial para motos; capital paulista adotou medida há dez dias.

Por PATRICIA GIUDICE
Publicado em 03 de agosto de 2006 | 00:01
 
 
 
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Proposta apresentada na Câmara dos Vereadores de Belo Horizonte, na semana passada, propõe a criação de uma faixa preferencial para motoqueiros. A idéia é implantar um projeto-piloto, em caráter experimental, nas avenidas de maior fluxo " Contorno, Afonso Pena, Cristiano Machado, Amazonas e Antônio Carlos.

Se der certo, a proposta pode ser ampliada para outras avenidas, mas, caso contrário, será extinta. Há dez dias, o Faixa Cidadã foi implantado na capital paulista. Ainda não há registros oficiais se o índice de acidentes com motoqueiros diminuiu na cidade, mas a expectativa é que o projeto dê certo.

No primeiro dia de experiência, no entanto, uma moça que distribuía panfletos aos motoristas foi atropelada. Segundo a gestora de trânsito da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET-SP), Heloísa Martins, o projeto é uma campanha educativa que tem poucos adeptos.

"Os motoqueiros continuam entendendo que as vantagens são maiores quando se trafega entre os carros", explicou. São Paulo capital tem 500 mil motociclistas. Em 2005, foram registradas 345 mortes de motoqueiros, o que dá quase um óbito por dia.

Em Belo Horizonte, há cerca de 85 mil motoqueiros trafegando diariamente na capital. Se a proposta, de autoria da vereadora Neusinha Santos (PT), for aprovada, nas avenidas de maior fluxo, haverá uma faixa destinada somente à passagem das motos.

A Antônio Carlos, por exemplo, que tem três faixas na maior parte de sua extensão, a da direita continua sendo para tráfego do transporte coletivo, a do meio ficaria para os veículos e a da esquerda " de trânsito rápido " seria utilizada pelos motoqueiros.

Mas a faixa não é exclusiva e, sim, preferencial. Para a vereadora, a expectativa é que o projeto seja aprovado e passe a ser lei ainda neste semestre. A tramitação deve começar quando terminar o recesso parlamentar.

"A intenção do projeto de lei é permitir maior fluidez e organização do trânsito, além de pretender levar mais segurança para os motociclistas diminuindo o número de acidentes", disse.

Mas, para especialistas, a convivência pacífica entre carros e motos no trânsito depende de estudos muito mais profundos e urgentes, do que a criação de uma faixa preferencial.

"É preciso repensar a engenharia de tráfego das grandes cidades brasileiras. O número de motos nas ruas é muito grande e acho que os motoqueiros não conseguiriam imaginar que eles têm que andar em uma faixa só", afirmou o consultor em transporte e trânsito, Osías Baptista Neto.

Viabilidade
Ele avalia ainda que, se grande parte das avenidas tem três faixas, não seria correto retirar uma delas " ou um terço " para as motos, se elas representam menos de 20% do total de veículos trafegando. "A situação ficaria caótica porque o espaço para os carros seria ainda menor", afirmou.

Já para o diretor-administrativo da Cooperativa Brasileira de Transportes Autônomos, Judson Rocha de Castro Pires, a faixa preferencial pode oferecer mais segurança aos motoqueiros, mas as vias de trânsito de Belo Horizonte não comportam essa mudança.

"Acho que não seria viável uma faixa exclusiva e obrigatória, mas do modo preferencial sim. Talvez possa causar mais engarrafamentos, mas acredito que os motoboys iriam respeitá-la", avaliou.

Segundo ele, essa discussão veio à tona outras vezes, mas nunca chegou a virar um projeto de lei como agora.

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