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Motofretista agredido por policiais em Contagem não consegue denunciar caso

Jovem alega que militares teriam ainda comido o lanche que ele ia entregar e rasgado o dinheiro que ele tinha no bolso

Por Tatiana Lagôa
Publicado em 15 de agosto de 2022 | 11:46
 
 
 
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O motofretista André Martins, 21, que afirma ter sido vítima de violência desproporcional de policiais militares, agora enfrenta outra dificuldade: a de denunciar o possível abuso de autoridade. O jovem alega ter sido agredido fisicamente por PMs há oito dias, quando tentava entregar um lanche em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Os agentes de segurança ainda teriam comido o lanche que ele iria entregar. O jovem alega ter ido à delegacia para apresentar queixa contra os militares, mas teve o pedido negado. “Eles falaram que a história já está contada no Boletim de Ocorrência feito pelos policiais e que eu não tinha nada para acrescentar não”, relata.  

“Era por volta de 23h40, era minha última entrega. Eu estava na porta do cliente, quando chegou uma viatura com três policiais. Eles chegaram atropelando minha moto, nem me perguntaram nada e começaram a me bater. Depois, quando eu já estava na viatura é que eles me perguntaram meu nome, pediram meus documentos. Foi aí que eles notaram que eu estava trabalhando. Abriram minha mochila, me revistaram, não encontraram nada comigo. No final ainda comeram o lanche do cliente”, detalha. O fato ocorrido no domingo, dia 7 de agosto, foi registrado por moradores.  

O jovem teve escoriações na barriga e no rosto, por isso, foi levado ao hospital pelos próprios policiais. No boletim de ocorrência, eles registraram que tinham visto duas pessoas em uma moto, em “atitude suspeita”. Na versão dos policiais, o condutor teria acelerado a motocicleta ao notar a presença da viatura, fazendo “manobras bruscas, inclusive sobre a calçada”.  O registro dos militares informa que o condutor do veículo tentou fugir a pé, mas foi alcançado e imobilizado pelo policial.  

“Eles falam que eu tentei fugir, mas eu nem na moto estava. As imagens que eu tenho mostram isso. Eles destruíram minha moto, e depois ainda mudaram ela de lugar. Nas imagens dá para ver o policial em cima dela”, diz André. Ainda segundo o jovem, ele teve que arcar com os R$ 52 do lanche. “O cliente já tinha pago e o policial comeu. Tive que pagar do meu bolso. Eles ainda rasgaram os R$ 112 que eu tinha recebido pelo meu trabalho do dia”, diz.  

Ainda com as marcas das agressões sofridas, André quer justiça. “Eu fui na delegacia da Polícia Civil, em Contagem, na terça-feira, dia 9, pela manhã. Eu queria registrar uma denúncia de agressão, abuso de poder, alteração do local da ocorrência porque andaram na minha moto e pelo furto do lanche do meu cliente. Falaram que a ocorrência já está registrada. Só que com a versão dos policiais”, conta. O motociclista vai denunciar o caso na ouvidoria da PM.  

Em nota, a Polícia Civil disse que André foi atendido na delegacia, onde foi fornecido a ele cópia do registro da ocorrência. "Na ocasião, ele ainda foi orientado a acionar os órgãos corregedores da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) e do Ministério Público de Minas Gerais por se tratar de apuração de crime cuja atribuição é da PMMG", disse o órgão. A reportagem entrou em contato com a Polícia Militar e aguarda retorno sobre o caso. 

 

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