Bairro Mantiqueira

Motorista que atropelou motociclista e fugiu tem 40 pontos na carteira

O suspeito se apresentou e alegou não ter visto que atropelou o piloto; ele ainda declarou que não enxerga bem, pois tem um olho de vidro

Por Lara Alves
Publicado em 21 de janeiro de 2020 | 08:59
 
 
 
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Suspeito de atropelar um motociclista e fugir sem prestar socorro, o motorista do Fiat Doblô que teria cometido o crime e era procurado desde a semana passada se apresentou à Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) nessa segunda-feira (20).

Acompanhado por seu advogado, o homem declarou ao delegado que não viu o motociclista e nem o momento em que o teria atropelado. Ele alegou ainda que não enxerga muito bem, pois seu olho direito seria de vidro. Conferidos seus documentos, os investigadores descobriram que ele excedeu o número de pontos permitidos na carteira de habilitação – são mais de 40, de acordo com a polícia. 

"Ele alegou que não viu, não viu que tinha atropelado o motociclista. Ele também falou que não enxerga do olho direito e que este é um olho de vidro. Nós pediremos novos exames para verificar se ele tem condições de continuar trafegando (...). Também verificamos que a pontuação dele está excedida em 40 pontos de carteira. Estamos levantando a possível instauração de processo por pontuação ou se isso já está em andamento, para tomarmos as medidas legais", declarou o delegado Rodrigo Fagundes, responsável pela investigação. 

O acidente aconteceu na última quarta-feira (15), no bairro Mantiqueira, na região de Venda Nova. O motociclista Eduardo Moraes Gibim, de 43 anos, não resistiu aos inúmeros traumatismos e sangramentos após ser atropelado e morreu no lugar onde o acidente aconteceu.

O médico do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) apenas constatou o óbito. Câmeras de uma residência registraram os momentos anteriores e posteriores ao acidente. As imagens comprovam que o motorista do Doblô fugiu sem prestar socorro. 

Argumento pode ser desmontado

O delegado Rodrigo Fagundes acredita que essas imagens podem ajudar a desmontar o argumento do motorista do Doblô – de que não teria visto que atropelou Eduardo.

"Essa versão é facilmente combatida pelas imagens. Imagens anteriores ao acidente mostram ele conduzindo o veículo normalmente, dentro das regras de trânsito. Após o atropelamento, ele se mostra desempenhando velocidade excessiva em desabalada carreira com o intuito de se furtar da responsabilidade criminal", explica. 

Assista: 

Com vistas a comprovar que o motorista sabia, sim, do atropelamento, peritos serão acionados para análise das imagens, assim como alguns investigadores já vistoriaram o Fiat Doblô.

"O veículo dele está bastante avariado, por avarias deste acidente e de outros acidentes que, segundo ele, ocorreram. Acionamos a perícia hoje (nessa segunda-feira), que fez trabalhos no local onde o veículo estava guarnecido. Aguardamos o laudo", declara. De acordo com Fagundes, a previsão é que o laudo fique pronto em até 30 dias. 

Descobriu crime pela TV

Ao delegado, o motorista declarou que só descobriu ter atropelado o piloto da motocicleta quando o caso repercutiu nas redes sociais e nos meios de comunicação.

"Segundo ele, só descobriu que tinha atropelado o motociclista através de sua esposa que, na quinta (16) ou na sexta-feira (17), visualizou as imagens após ampla repercussão na televisão e reconheceu o veículo (o Fiat Doblô). Então ele ligou para o advogado e resolveu se apresentar", comenta Fagundes.

O motorista do carro contou ao investigador que usa seu carro para trabalhar com recolhimento de sucata e que, após o atropelamento, seguiu com sua rotina diária de serviço. 

A investigação segue pelos próximos dias. Agora, testemunhas serão convocadas e ouvidas pela Polícia Civil. Também é preciso esperar o laudo dos peritos a respeito das imagens e da situação do carro envolvido no acidente.

Órgãos de trânsito também serão ouvidos pelo investigador para saber se a conversão feita pelo motorista – e que resultou na morte de Eduardo – era permitida ou não.

"O que nós sabemos pelas imagens é que o condutor da moto seguia pela via principal. Todo condutor, como o motorista, que quer pegar a via adjacente precisa respeitar a preferência do condutor pela via principal. Ele (motorista do Doblô) desrespeitou, motivo pelo qual ocorreu o fatídico acidente", conclui o delegado. 

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