Denúncia

MPMG investiga ameaças de empresário de mineradora à secretária de Meio Ambiente

Ele já foi indiciado pela Polícia Civil de Minas Gerais, após denúncia feita pela titular da pasta no Governo de Minas

Por Isabela Abalen
Publicado em 18 de março de 2024 | 12:18
 
 
 
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O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) irá investigar o presidente da Associação de Mineradoras de Ferro do Brasil, o empresário João Alberto Paixão Lages, que seria vinculado à empresa Fleurs Global, pelo envio de mensagens com ameaças a secretária de Meio Ambiente de Minas Gerais na gestão Romeu Zema (Novo), Marilia Melo. Ele já havia sido indiciado pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), após denúncia feita pela titular da pasta no Governo de Minas. A informação sobre a apuração do caso foi divulgada em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (18 de março).

De acordo com a promotora de Justiça de Nova Lima, Claudia Inês, a ameaça carrega um caráter de gênero. “Foi uma tentativa irracional e violenta de captar a vontade de uma pessoa que tem responsabilidade na pasta do Meio Ambiente. Foi uma intimidação a uma mulher, como mãe e como filha. Não queremos nunca mais ter pessoas que usem poder e violência dessa forma”, afirma.

A intimidação feita pelo empresário será investigada em um inquérito criminal. Conforme a promotora, o inquérito já está em andamento pela Polícia Civil e uma notícia crime foi oficializada. “Estamos indo pela área criminal. A denúncia acontece em dois âmbitos: em ofensa à tutela do meio ambiente, porque é um processo que precisa ser respeitado; e em ofensa e ameaça à servidora”, explica.

+ Veja o conteúdo das ameaças feitas pelo empresário

O caso teria ocorrido em dezembro do ano passado, em meio ao processo de licenciamento ambiental da Fleurs Global em área próxima à Serra do Curral. Há cerca de seis anos, a empresa tem atividade minerária na área de forma irregular, com o apoio de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). Na última sexta-feira (15 de março), o Ministério Público ajuizou ação pública pedindo o fim da mineração na área pela empresa e indenização de R$ 30 milhões.

“Foi uma ameaça pública a uma servidora efetiva de carreira, que atua há anos. Ele disse que ela e a sua família deveriam "se preparar". Mencionou a mãe dela, a família”, destaca a promotora", finalizou.

A reportagem de O TEMPO procurou o empresário por meio das assessorias de imprensa da Associação de Mineradoras de Ferro do Brasil e também da empresa Fleurs Global. Até a publicação da matéria, a resposta não havia sido enviada. O texto será atualizado com os posicionamentos.

MPMG quer fim da mineração na Serra do Curral 

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) ajuizou uma ação civil pública contra a mineradora Fleurs Global, que opera em área próxima à Serra do Curral, na região metropolitana de Belo Horizonte. Com 17 infrações contra o meio ambiente, o pedido do MP é que as atividades minerárias sejam interrompidas com urgência e a Fleurs Global pague uma indenização de R$ 30 milhões por danos ambientais e coletivos. Em caso de descumprimento, soma-se multa de R$ 50 mil por dia.

A ação na Justiça solicita ainda que o procedimento de licenciamento ambiental da mineradora seja anulado e todo o complexo minerário na região seja desmontado de uma vez por todas. De acordo com o promotor de Justiça Carlos Eduardo Ferreira Pinto, a medida é de extrema importância para que Minas Gerais não repita os mesmos desastres de Mariana e Brumadinho.

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