Protesto

MPMG investiga denúncias de agressões policiais contra moradores de Neves

O estopim foi o caso de uma menina de 10 anos, baleada na perna durante troca de tiros entre policiais e bandidos

Por Letícia Fontes
Publicado em 09 de abril de 2019 | 18:23
 
 
 
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O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) abriu nesta terça-feira (9) um procedimento investigatório para apurar as denúncias de supostas agressões de policiais militares a moradores do bairro Residencial Alterosa, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte. 

Segundo os moradores, a ação truculenta da Polícia Militar tem se intensificado nos últimos três meses. O estopim foi o caso de uma menina de 10 anos que foi baleada na perna durante uma troca de tiros entre policiais e bandidos na última quinta-feira (4). Na ocasião, um policial militar também foi atingido. A PM informou que, durante a operação, foi preso um dos chefes do tráfico e, no local, foi apreendida uma submetralhadora com traficantes.

“Não foi um fato isolado. Respeitamos e achamos importante o trabalho da PM, mas alguns policiais, não são todos, não estão respeitando a comunidade. Somos trabalhadores e estamos sendo tratados como bandidos. Entram na nossa casa sem mandado, batem em moradores, quebram as coisas das nossas casas. Estamos reféns dos traficantes e da PM”, afirmou um morador que não quis se identificar por medo de retaliação. 

Em protesto na porta do Ministério Público da cidade, nesta terça-feira (9), moradores pediram paz e respeito aos militares. “A menina foi ao supermercado com a prima de 3 anos e chegou uma viatura descaracterizada já atirando para todos os os lados. Era 16h quando tudo isso aconteceu. Quando vou pedir calma e prudência, eles me chamam de vagabunda. Sabemos do tráfico, tem que combater, mas estão marginalizando toda uma comunidade”, contou uma moradora que pediu anonimato. 

Investigação. Segundo o MPMG, o procedimento investigatório criminal tem um prazo de 90 dias para ser concluído podendo ser prorrogado por mais 90 dias caso haja necessidade. 

Reposta da Polícia Militar

A reportagem entrou em contato com a corporação e aguarda um posicionamento da 2ª Região da Polícia Militar, responsável pela segurança da região. 

"Nós sabemos que existe uma rede do narcotráfico que, quando incomodada, ela promulga esse tipo de fala no sentido de determinar uma redução sistemático que a PM tem feito", afirmou o major Flávio Santiago, chefe da sala de imprensa da Polícia Militar. 

Ele considera que a corporação é especializada para lidar com esse tipo de ocorrência. "Considero a PM a mais especializada para lidar no combate urbano. Tem um treinamento para redução de danos. Nós prendemos várias pessoas, apreendemos materiais, diuturnamente, com índice reduzidíssimo de letalidade, principalmente aqui em Minas Gerais. O que denota uma ação cirúrgica da Polícia Militar", disse.

O major também se posicionou sobre a criança ferida. "É lamentável que uma criança em algum momento tenha sido ferida, nesse caso por um estilhaço, mas foi apreendido uma submetralhadora de grosso calibre, que poderia atentar contra a sociedade e contra os militares, inclusive um militar nosso foi baleado na perna", finalizou.

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