Triângulo Mineiro

Mulher denuncia agressão de policiais durante abordagem em Planura

Vítima, de 26 anos, teve hematomas na região dos olhos e por todo o corpo; policiais agrediram com chutes e socos

Por Rayllan Oliveira
Publicado em 15 de agosto de 2022 | 11:25
 
 
 
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"Eu não gosto nem de lembrar, ele queria me matar mesmo". O relato é de uma mulher que denuncia ter sido vítima do abuso de um policial durante abordagem a cidade de Planura, na região do Triângulo Mineiro. A vítima Flávia Nathania Faria, de 26 anos, teve derramamento de sangue dos vasos sanguíneos na região do olho esquerdo, além do acúmulo de sangue seco na narina. Ela foi agredida com chutes e socos por um policial. Um dos chutes, segundo a vítima, teria sido em direção a sua região genital. 

As agressões ocorreram depois que policiais militares foram até a casa de um casal amigo da vítima pedindo para que eles abaixassem o volume do som. Flávia disse a eles que iria obedecer a ordem, mas um dos policiais informou que seria feita a apreensão do aparelho de som. "Eu questionei se eles tinham algum mandado. Ele me xingou e disse que não precisava disso e logo me agarrou pelo braço", relatou.

A mulher relembra dos momentos da abordagem com medo. Disse que tentou resistir as agressões mas foi empurrada para dentro viatura, onde continuou a ser agredida com chutes e socos. "Ele me deu mais dois murros no olho e começou a gritar para a calar a boca até chegar no hospital", disse Flávia. A vítima aponta ainda que foi arrastada da viatura até o atendimento médico, onde, segundo ela, o policial não deixou o profissional avaliar de forma correta. "Não deu pra ver todos os hematomas, ele não deixou".

Após os atendimentos médicos, que também constataram dilatação no olho direito de um dos conduzidos, ela e os outros dois homens foram conduzidos até a delegacia da cidade. "Quando cheguei, tinha um outro policial que me viu na vitura e disse que ele seria o responsável por me atender", contou Flávia. A mulher relembra que já na Delegacia foi novamente agredida por chutes e socos por esse outro militar. "Ele disse que se eu falasse algo, poderia ser pior e que pra ele não daria nada", relembra.

Na Delegacia, ela ficou detida até o dia seguinte, onde passou por exames de corpo delito. Flávia foi liberada e acionou um advogado. Ela espera que possa ser reparada pela agressões e pelos danos morais que presenciou. "Eu quero que ele prove tudo o que me acusou".

O que diz a Políca Militar

De acordo com o Boletim de Ocorrência, os militares relataram que receberam diversas denúncias de som alto no imóvel onde Flávia, o marido e um casal de amigos se encontravam. Os policiais contam que chegaram a pedir para que eles abaixassem o volume, o que não foi feito por eles. Foi então que os militares foram até o imóvel com o objetivo de apreender o aparelho de som, quando foram recebidos de forma hostil por Flávia. Segundo os relatos, ela teria xingado os militares, além de morder a mão de um dos policiais.

Assim, de acordo com o boletim de ocorrência, foi dada voz de prisão a mulher, por desacato a autoridade. Ela foi encaminhada ao hospital, uma vez que entrou em conflito com os militares e, em seguida, para a Delegacia da cidade. Segundo o documento, durante o deslocamento, ela bateu a cabeça e chutou a porta da viatura por diversas vezes, o que danificou uma das portas. O militar, que entrou em conflito com Flávia, teve escoriações pelo corpo, principalmente nos dedos das mãos, onde, segundo ele, teria sido mordido.

Durante os trabalhos, a Polícia Militar apreendeu três celulares e três aparelhos de som. Os militares relataram que os equipamentos estavam na varanda da casa, direcionados para a rua, ao lado de várias garrafas de cerveja. O material foi levado para a Delegacia.

 

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