O sonho do casal de mineiros Angélica Reis, de 33 anos, e Arthur Luiz, de 29, de selar o relacionamento de cinco anos perante a lei começou durante uma viagem romântica ao Chile, em agosto de 2018. A data escolhida para o casamento seria dali dois anos, em abril de 2020.
Mas os planos mudaram completamente desde o início da pandemia do novo coronavírus no Brasil. Os dois até conseguiram postergar a data marcada em cartório para julho deste ano, mas não conseguiram adiá-la mais uma vez. Portanto, eles se viram obrigados a escolher entre se casar de máscaras ou adiar a cerimônia e remarcá-la por um valor de R$ 500.
Angélica, que trabalha com marketing, e Arthur, que atua no desenvolvimento de software, decidiram pela primeira opção e vão assinar os papéis em cerimônia presencial que ocorrerá nesta quinta-feira (16), em um cartório de Belo Horizonte.
No casamento, mudanças que eles nem sonhavam quando decidiram pelo matrimônio: ambos deverão usar máscaras, e, além deles, podem estar presentes apenas duas testemunhas.
“É até meio triste porque meus pais, que não serão as testemunhas, eu não tenho a certeza de que eles poderão me ver casando, que é o sonho dos pais poder ver a filha se casando. Mas também não acho que tenhamos que ficar tristes por isso, é um momento delicado no mundo inteiro, e já está sendo bom a gente se casar da melhor forma possível. Mas, claro, se eu pudesse escolher, gostaria de ter a minha família me vendo neste momento”, afirma Angélica.
De acordo com Angélica, que é natural de Ipatinga, o casal deu entrada com os papéis no cartório em janeiro deste ano. O prazo para se casar venceria em 90 dias.
“O cartório deu uma esticada até julho, mas, depois disso, se não nos casássemos, teríamos que pagar novamente uma taxa de R$ 500. Em função disso, decidimos manter o casamento, porque esse é um valor considerável”, diz a noiva.
Noivo ficou 'preso' em São Paulo
A história de Angélica e Arthur se tornou ainda mais inusitada em março. A jovem estava trabalhando com marketing em uma empresa na capital, quando recebeu uma oferta de emprego em São Paulo, na empresa Acesso Digital, startup de proteção de identidade digital.
“Tive 15 dias para poder me mudar e entregar o apartamento que tinha alugado em Belo Horizonte, e eu cheguei a São Paulo dois dias antes do início da quarentena”, fala.
Arthur, por sua vez, foi com a noiva para a cidade para ajudá-la com a mudança, mas acabou ficando preso na cidade. “A previsão era ficar por duas semanas, já tinha a passagem de avião de volta comprada, mas, poucos dias depois, a pandemia ficou mais grave em São Paulo, e a passagem foi cancelada. Tive que me adaptar e acabei ficando três meses em São Paulo. Tive que cancelar todos os compromissos, mas, no fim das contas, conseguimos contornar, e deu tudo certo”, relembra ele, que trabalhou home office nesse período.
Angélica também está em home office desde que se mudou para São Paulo. “Eu não conheço meus colegas de trabalho até hoje, mas, mesmo assim, tenho me sentido bem próxima das pessoas”, brinca. Depois de se casarem na capital, os dois voltarão para casa deles em São Paulo.
Festividades canceladas
O casal afirma que faria um almoço para cerca de 50 pessoas para celebrar o casamento, mas precisou cancelar a confraternização devido à pandemia. Angélica conta que o restaurante onde realizaria a cerimônia concordou em devolver o dinheiro já pago. O mesmo, porém, não se repetiu com as passagens de avião que o casal comprou para Dubai e Maldivas, onde passariam a lua de mel.
“Os hotéis devolveram o dinheiro, mas o site onde compramos a passagem está cobrando um valor de cancelamento que chega a ser 50% do valor das passagens. Então, elas foram congeladas, mas temos o prazo até agosto para remarcar a viagem”, pondera.
Apesar de todos os percalços, Angélica, que não pretendia se casar no religioso, afirma que o que mais deseja é passar uma mensagem positiva diante das adversidades. “Eu e o Arthur decidimos ficar bem leves, não sofrer tanto e seguir da forma que dá”, conclui.