Ônibus que tombou na Vilarinho: o que se sabe até o momento?

Uma manhã quinta-feira de muito susto para vários usuários da linha 524 R, que liga Ribeirão das Neves a Belo Horizonte. O eixo traseiro do veículo se desprendeu provocando um forte estalo e, consequentemente, o ônibus tombou na Avenida Vilarinho, sentido centro, a poucos metros da Estação Move Candelária, em Venda Nova. O acidente ocorreu por volta das 7h30 da manhã. Ainda não há detalhes do que pode ter provocado o deslocamento do eixo. 

No momento do tombamento, 93 passageiros estavam dentro do ônibus. Ninguém morreu ou ficou gravemente ferido. Equipes do Corpo de Bombeiros e SAMU foram empenhadas para o local. Atuaram na ocorrência, 22 bombeiros e cinco viaturas do SAMU. 

Entre as vítimas do acidente, 29 pessoas foram conduzidas, sendo duas para o Hospital Risoleta Neves e 27 para UPAs da região. Os médicos do SAMU foram responsáveis para fazer a triagem dos passageiros acidentados. Segundo o Corpo de Bombeiros, as demais vítimas recusaram ou não necessitavam de atendimento médico, por não apresentarem escoriações ou lesões. 

SUSTO E SOCORRO

Era só um dia normal para Nelson Ivan da Silva, 64, que trabalha em uma loja de granitos em Venda Nova. Porém, sua tranquilidade foi interrompida pelo barulho forte de um ônibus tombando na Avenida Valarinho, próximo à Estação do Move Candelaria. Os gritos dos 93 ocupantes da linha fizeram com que ele saísse correndo, de chinelo de dedo, para prestar socorro aos passageiros.

"Foi uma coisa pavorosa. Um barulho muito grande de batida, somada aos gritos posteriormente. O que eu pude fazer para salvar as pessoas, eu fiz. Conseguir tirar umas 30 pessoas de dentro do ônibus", descreve Nelson.

Rick Ramos Oliveira, 53, que é tosador de animais, temeu pelo pior. Ele se emocionou ao recordar que foi foi esmagado pelo peso dos passageiros. "Nossa...quando vi, tinha muita gente caindo, gritando. Foi difícil", descreve Rick, retomando a voz na sequência. "Vou ao médico, estou sentindo uma dor no peito. Quero ver se não tem nada mais grave", completou.

Segundo o relatou o motorista do ônibus ao Corpo de Bombeiros, ele estava na velocidade normal na via, percebeu  alteração na direção puxando pra esquerda, logo depois escutou um estalo e a direção travou, puxando o ônibus para a esquerda e depois pra direita, momento no qual o veículo acabou tombando. 

Por volta das 11h30 a pista sentido Centro da Avenida Vilarinho foi liberada e ônibus retirado do local por um guincho. Motorista tiveram que fazer desvio pelas Rua Madre Tereza, Rua Geralda Rodrigues da Costa, Rua Baco e Av. Vilarinho.

ÔNIBUS LOTADO

A reportagem de O Tempo flagrou que o ônibus extrapolou o limite máximo de passageiro. O aviso interno do veículo sinalizava 77, sendo 26 sentadas e 51 em pé. O Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), órgão responsável pela fiscalização dos ônibus metropolitanos, confirmou que o ônibus extrapolou o limite de usuários e informou que vai tomar providências. “Segundo a deliberação do Comitê Covid-19, a lotação máxima do veículo, neste momento, deveria ser de 41 pessoas (26 sentadas e 15 de pé)”, afirmou o órgão. 

O Consórcio Linha Verde, também deverá prestar esclarecimentos sobre a situação de manutenção da frota em operação. “Em paralelo, a fiscalização do DER-MG vai promover uma vistoria completa na linha.  A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade (Seinfra) informa que a partir de 1 de fevereiro, a oferta de linhas do transporte metropolitano será retomada no padrão pré-pandemia. Ou seja, as empresas não circularão mais com horários reduzidos em nenhum dos itinerários”, anotou o DER-MG.  

Procurada, Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram) informou que as causas do acidente estão sendo apuradas. O Sintram comunicou ainda que equipe do Consórcio Linha Verde acompanhou o trabalho de resgate e está prestando todo apoio necessário. A nota não deixa claro se este apoio necessário se refere as vítimas ou ao trabalho das autoridades.  

“O veículo já foi periciado pela Polícia e será rebocado da pista pela empresa, ainda nesta manhã. Não há previsão de quando o laudo será emitido. A concessionária responsável pelo veículo lamenta o ocorrido e segue colaborando com as investigações sobre o caso”, concluiu o Sintram em nota.  

Questionada pela reportagem, o Sintram não informou se fará um pente fino no estado de conservação dos ônibus metropolitanos que circulam na capital, inclusive sobre as condições dos veículos que ligam Ribeirão das Neves a Belo Horizonte. O sindicato patronal das empresas de ônibus não informou também qual foi a última vez que apresentou documentações aos órgãos responsáveis sobre a manutenção da frota. O espaço segue aberto para esclarecimentos.