O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), junto com o Ministério Público do Espírito Santo e a Polícia Militar, realizaram nesta quinta-feira (22) a operação "Lock Down" contra o tráfico interestadual de drogas e lavagem de dinheiro. Ao todo, foram cumpridos cinco mandados de prisão e 13 de busca e apreensão, todos expedidos pela 4ª Vara de Tóxicos, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Comarca de Belo Horizonte.

Segundo o MPMG, dois chefes dessa quadrilha foram alvos dos mandados de prisão. Um deles já estava preso na Penitenciária de Três Corações, no sul do Estado. Ele estava detido desde 2019, após a primeira fase da operação. De acordo com as investigações, mesmo estando preso, ele continuava comandando o esquema pelo celular.

O outro líder da quadrilha estava em Macaé, no Rio de Janeiro. Ele já era investigado pela morte de um cabo da polícia militar e a tentativa de homicídio contra outro agente de segurança em 2005.

Um outro membro da facção que já estava preso também foi alvo dos mandados. Ele estava na Penitenciária de Segurança Máxima de Francisco Sá, no Norte de Minas Gerais. Segundo o Ministério Público, pelo celular ele comandava o fornecimento da droga. 

Durante as investigações, foram apreendidos cerca de R$ 360 mil em dinheiro, 40 kg de cocaína, 500 kg de maconha, 32 celulares, três notebooks e diversos documentos. Todo material pertencia à organização criminosa. 

"O grupo era responsável pela distribuição e abastecimento de drogas para aglomerados da região metropolitana de Belo Horizonte e de Vitória, no Espírito Santo, e contava ainda com o apoio de uma advogada, que prestava assessoria jurídica ao líder da organização, que também passava informações sobre investigações em andamento e sobre dados disponíveis em bancos de acesso restrito", explicou o promotor Peterson Queiroz, do MPMG.

O papel dessa advogada, que não foi alvo dos mandados de prisão, ainda será apurado. O trabalho de investigação também vai tentar identificar os outros membros da quadrilha que ainda não estão presos.

Movimentação milionária

Na investigação, também foi descoberto o esquema de lavagem de dinheiro do grupo, que funcionava através de contas de laranjas. Em uma das contas, que pertencia a uma vendedora, foram movimentados mais de R$ 1 milhão em cinco meses.

O grupo é apontado como um dos maiores distribuidores de drogas em Minas Gerais e também no Espírito Santo. Em um dos cadernos de contabilidade que foram apreendidos, os investigadores calculam que a organização arrecadou quase R$ 27 milhões em dois anos e meio de atividade.

"Nós sabemos que o tráfico conta com um corpo de funcionários altamente substituíveis, então a partir do momento em que alguns são presos, a organização age rapidamente para manter a operação. Por isso, o mais importante dessa operação foi o sufocamento das atividades do grupo e a apreensão do dinheiro", destaca o promotor Peterson Queiroz.

Operação conjunta

A operação contou com a participação de cinco promotores de Justiça dos de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, 91 policiais militares de Minas Gerais, nove policiais militares do Espírito Santo e oito policiais militares do Rio de Janeiro. Participam da operação o Batalhão Rotam, do Batalhão de Polícia de Choque e a Companhia Independente de Policiamento do Cães da Polícia Militar de Minas Gerais.

O nome da operação, segundo o MPMG, se refere ao cerco promovido para o encerramento das atividades da organização criminosa, comandada de dentro do sistema prisional.