Em protesto devido à falta de aulas presenciais nas escolas de Belo Horizonte, um grupo de pais e mães de alunos instalou uma mensagem em outdoors da cidade sobre o tema. O intuito é questionar publicamente a prefeitura sobre por quais motivos as escolas seguem fechadas desde março. As mensagens foram instaladas nesta segunda-feira (7).
Os três outdoors e um painel de LED encontram-se em quatro pontos bastante movimentados da cidade. Cada um deles exibe a frase “Por que nossas crianças não são prioridade para a prefeitura? A escola deve ser a primeira a abrir e a última a fechar”.
Parte do grupo de pais e mães de alunos é formado por familiares que entraram na Justiça contra a decisão da prefeitura em manter as escolas fechadas. A ação foi protocolada no mês passado e ainda aguarda avaliação do Ministério Público, bem como posterior definição do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Educadores e pais de alunos que estudam em escolas públicas também integram o coletivo, segundo os organizadores.
Por meio de nota, o grupo informou que tentou se reunir com a prefeitura por diversas vezes, sem sucesso. Eles pedem que o Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19 tenha entre seus membros um pediatra ou psiquiatra. Algumas das famílias reclamam que ficar tanto tempo em casa tem causado problemas na saúde mental de seus filhos. “Queremos que o comitê tome a decisão de abrir as escolas, no máximo, em 1º de fevereiro”, diz o comunicado.
No texto, os pais defendem que “estudos do mundo inteiro já mostram que a transmissão dentro do ambiente escolar é inferior à diversos outros setores que já estão abertos”. Nenhum desses estudos, no entanto, é citado na nota divulgada pelo movimento.
No sábado (5), a Sociedade Mineira de Pediatria (SMP) emitiu uma nota de posicionamento sobre o retorno à aulas presenciais em Minas Gerais em meio à pandemia de Covid-19. O documento destaca o prejuízo educacional e psicológico que a suspensão das atividades presenciais ocasiona em crianças e adolescentes, mas lembra que o retorno às aulas depende da situação epidemiológica do Estado e dos municípios e que, assim, não é factível agendar uma data de retorno, já que os números da pandemia são dinâmicos.
A prefeitura encaminhou à reportagem uma lista com os motivos pelos quais as escolas da capital permanecem de portas fechadas, que seguem:
1) O ambiente escolar é composto, em sua maioria, por crianças e jovens. Por suas características imunológicas, ao contraírem a Covid-19, tendem a não manifestar sintomas ou manifestá-los em formas leves. Eles continuam sendo, no entanto, vetores de transmissão, podendo acelerar a circulação da pandemia.
2) É necessário aprofundar estudos e discussões para que as aulas escolares presenciais sejam retomadas com segurança para alunos e professores.
3) O município vem fazendo, de forma criteriosa, cuidadosa e paulatina, a liberação das atividades econômicas mediante o acompanhamento diário de indicadores epidemiológicos e assistenciais.
4) O impacto do setor escolar na circulação de pessoas vai afetar de forma substancial o isolamento social.
5) A obrigatoriedade da presença dos estudantes nas escolas e o número de horas semanais que alunos e professores terão irão resultar em baixo distanciamento social.
6) O envolvimento dos idosos, população de risco da Covid-19, na rotina escolar dos netos.
7) A necessidade de assegurar a saúde de professores e demais profissionais das escolas que estarão expostos a um grande número de alunos em locais com restrições ao distanciamento social como as salas de aula.
8) Diferentemente do ambiente escolar, a frequência dos clientes e dos usuários das atividades atualmente liberadas (como bares e restaurantes) são discricionárias e eventuais, não implicando em contato intenso e prolongado entre as pessoas.
9) A Nota Técnica 002 do comitê de Enfretamento à Covid orienta que o retorno seguro ao ambiente escolar seja feito quando a taxa de incidência for de 20 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias. Atualmente, essa taxa é de 98,5 casos por 100 mil habitantes.