O Chile desembarcou em Belo Horizonte neste sábado (9/8). Com direito a música, culinária e muito vinho, a rua Bernardo Mascarenhas, no bairro Cidade Jardim, na zona Sul da capital, recebe a 7ª edição da Festa Chilena.

Apresentações musicais, danças típicas e estandes com a saborosa gastronomia chilena integram o evento, que tem entrada gratuita e conta com espaço kids e área para pets. O festival começou às 10h e segue até as 20h.

Pela primeira vez, a Festa Chilena recebe nomes da cena gastronômica vindos do país vizinho exclusivamente para a ocasião, como Javier Avilés, chef da Pulpería Santa Elvira, que ocupa o 57º lugar na lista dos melhores restaurantes da América Latina. Ele irá apresentar suas criações gastronômicas que resumem o motivo pelo qual ele tem se destacado no cenário latino.

“Eu tento resgatar e destacar produtos que vêm dos nossos ancestrais. Acho extremamente importante usar a minha  culinária para valorizar a herança e tradições chilenas. E é isso que quero mostrar em BH”, comenta o chef.

A intenção da Festa Chilena também é provocar uma viagem gastronômica, ao apresentar aos belo-horizontinos receitas tradicionais, como as saborosas empanadas preparadas por Milsa Marin, de 61 anos, chilena que mora em São Paulo desde os 9.

“Meus pais vieram em 1973, durante o golpe militar. Fui muito bem acolhida no Brasil. No início eu tinha dificuldade com o idioma, mas depois aprendi o português e deu tudo certo. Amo o Brasil! Não consigo escolher entre Brasil e Chile. Sou chilena de sangue e brasileira de coração. É uma honra divulgar a nossa culinária em um lugar como Belo Horizonte, um lugar que é mundialmente reconhecido pela gastronomia. Uma honra e um desafio também”, diz Milsa.

Já Álvaro Grandón, chileno de 39 anos, é carpinteiro, mas desde que se mudou para Contagem, na Grande BH, há três anos, decidiu se dedicar a apresentar a culinária do Chile aos brasileiros. Na 7ª edição da Festa Chilena, ele trouxe o famoso “completo chileno”.

“É basicamente um cachorro-quente, mas com outros ingredientes. Leva tomate, abacate, chucrute e molho americano, fazendo uma iguaria diferente do que a que temos no Brasil. Esse festival é muito top. Uma oportunidade dos brasileiros conhecerem nossa cultura, fico muito grato de participar e mostrar as coisas boas do Chile”, comenta.

E claro que o vinho não poderia faltar. A bebida é um dos principais atrativos do país. Tinto, rosé, branco. Tem para todos os gostos. E nada melhor que uma sommelier chilena para falar deste produto tão amado pelos brasileiros.

“O Chile tem uma riqueza de vinícolas enorme. São milhares de quilômetros de vinhedos, passando por um clima desértico e glacial. Nessa diversidade geográfica, temos muito o que mostrar. Não somos apenas Cabeurnet Sauvignon e Caubernet. Temos uvas centenárias, são mais de 400 anos de cultura de vinho. Isso que faz o vinho chileno tão especial”, explica a sommelier de vinho Nádia Parra.

A programação musical conta com apresentação dos grupos Bubli Banda (com mulheres tocando rock chileno e latino), Guachacas (música tradicional chilena com cuecas e boleros), Sonora Banda (clássicos latinos), Me Gustas Tú.

Lino Ramos, nascido em Ipatinga, em Minas Gerais, é casado com uma chilena desde 1991. Idealizador da Festa Chilena, ele resume a importância do aprofundamento de laços culturais entre mineiros e chilenos.

“Minha esposa me apresentou o Chile e eu vi a riqueza cultural. Na Copa do Mundo de 2014 eu conheci ainda mais chilenos. Então eu achei que seria uma excelente oportunidade dos chilenos conhecerem Minas Gerais e dos mineiros conhecerem nossos vizinhos. A cultura alimentar é a melhor forma de aproximar os dois lugares”, relata.

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Brasileiros e chilenos unidos na festa

Com muita música, gastronomia e arte, o evento une os dois povos latino-americanos. A dentista Paula Schweizer, de 32 anos, morou durante sete meses no Chile, em 2013, por conta de um projeto da universidade, e está aproveitando o festival para relembrar um pouco do país. Ela e o marido Celso Lisboa, que moram em Belo Horizonte, degustaram o tradicional “completo chileno”.

Completo chileno tem elementos em comum com cachorro-quente (Jonatas Pacheco/O TEMPO)

 

“Acho ótima essa iniciativa aqui em Belo Horizonte. Um país vizinho com enorme diversidade cultural. É uma forma de proporcionar a experiência de conhecer para as pessoas que nunca puderam ir lá”, comenta.

Outra paixão compartilhada por brasileiros e chilenos sem dúvida é o futebol. Entre camisas da seleção e times do Chile presentes no evento, Thiago Alves, de 32 anos, morador do bairro Palmeiras, na região Oeste de BH, estava usando uma do Colo-Colo. Apesar de nunca ter visitado o país, ele conta que o esporte o aproxima da terra dos Andes.

“Dos países da América do Sul, o Chile é o que eu tenho mais vontade. Cultura muito rica, tem neve e o futebol, que eu gosto muito. Times como Colo-Colo e Universidad de Chile, os estádios. Estar em um evento como esse dá ainda mais vontade de ir lá”, afirma.

Já Victor Palomero, administrador de empresas de 49 anos, nasceu no Chile mas se mudou para o Brasil com apenas quatro meses junto com os pais. Ele conta que a mãe gostou muito de Belo Horizonte e resolveram ficar.

“Eu carrego muito do Chile comigo, o que foi passado pelos meus pais. E um evento como esse mostra todas as riquezas. As pessoas conhecem mais os vinhos, mas é muito mais que isso. É cultura, é natureza, é gastronomia. Eu sempre tento ir, mas já tem dois anos que não vou. Então estou matando um pouco da saudade”, conclui.