Estelionato

PF indicia falsa enfermeira que aplicou supostas vacinas de Covid em empresários

Empresários que pagaram para se vacinar antes do restante da população não foram indiciados

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 15 de fevereiro de 2022 | 11:53
 
 
 
normal

A Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito de investigação e indiciou a falsa enfermeira que aplicou supostas vacinas contra Covid-19 em empresários em março de 2021. A mulher, Cláudia Mônica Torres, foi indiciada por quatro crimes: estelionato, associação criminosa, ocultação de bens e falsificação de documentos. Já os empresários e familiares que receberam as doses não foram indiciados e são tratados, no inquérito, como “vítimas de estelionato”. 

De acordo com a investigação da PF, a investigada não teve acesso a vacinas verdadeiras contra a Covid-19 em momento algum. Por isso, para que ela fosse indiciada, as vítimas precisariam formalizar uma representação contra a mulher. “Somente duas das vítimas formalizaram a representação, enquanto outras centenas preferiram não o fazer”, explica a corporação, por meio de nota.

 

O inquérito foi encaminhado à Justiça Estadual em dezembro do último ano, segundo a PF. Procurado pela reportagem, o advogado de Cláudia, Bruno Agostini, afirmou que a defesa se manifestará nos autos do processo. Além da falsa enfermeira, cinco pessoas foram indiciadas, exceto pelo crime de falsificação de documentos.

A reportagem questionou o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) se o órgão abriu ou abrirá denúncia contra os indiciados e aguarda retorno. O advogado criminalista Eduardo Milhomens explica que só é possível estimar quais serão as penas dos indiciados após divulgação das minúcias da denúncia. O crime de estelionato, por exemplo, pode levar de um a cinco anos de prisão, porém variáveis podem elevar ou diminuir o tempo da pena para o conjunto de crimes.  

O advogado também detalha que é difícil que os empresários sejam responsabilizados criminalmente. "Se eles tivessem de fato comprado vacinas, haveria crime”, pontua. Pela legislação brasileira, destaca Milhomens, como eles foram enganados e não se vacinaram realmente, tornaram-se vítimas do esquema. 

Relembre o caso da falsa enfermeira

O caso da aplicação de supostas vacinas contra Covid-19 foi revelado em março de 2021. Cláudia se passava por enfermeira e vendeu as doses para empresários de Belo Horizonte. Vídeo gravado por uma vizinha de uma garagem no bairro Alto dos Caiçaras, na região Noroeste de BH, mostra a mulher atendendo as pessoas que saíam de uma fila de carros. 

 

A apuração da PF revelou que as doses eram negociadas por R$ 600. Na época, no início da vacinação contra a Covid-19 no país, apenas profissionais da saúde e parte dos idosos estavam recebendo o imunizante em BH. Cláudia e seu filho chegaram a ser presos, mas foram liberados.  

Esta matéria está em atualização.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!