A Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito de investigação e indiciou a falsa enfermeira que aplicou supostas vacinas contra Covid-19 em empresários em março de 2021. A mulher, Cláudia Mônica Torres, foi indiciada por quatro crimes: estelionato, associação criminosa, ocultação de bens e falsificação de documentos. Já os empresários e familiares que receberam as doses não foram indiciados e são tratados, no inquérito, como “vítimas de estelionato”.
De acordo com a investigação da PF, a investigada não teve acesso a vacinas verdadeiras contra a Covid-19 em momento algum. Por isso, para que ela fosse indiciada, as vítimas precisariam formalizar uma representação contra a mulher. “Somente duas das vítimas formalizaram a representação, enquanto outras centenas preferiram não o fazer”, explica a corporação, por meio de nota.
Frascos com soro foram recolhidos na residência da enfermeira que teria aplicado a vacina no grupo de mandatários da Saritur. Cartões de vacinação, seringas, agulhas, luvas e outros materiais também foram arrecadados no imóvel. pic.twitter.com/CDfZcaX4uA
— O Tempo (@otempo) March 30, 2021
O inquérito foi encaminhado à Justiça Estadual em dezembro do último ano, segundo a PF. Procurado pela reportagem, o advogado de Cláudia, Bruno Agostini, afirmou que a defesa se manifestará nos autos do processo. Além da falsa enfermeira, cinco pessoas foram indiciadas, exceto pelo crime de falsificação de documentos.
A reportagem questionou o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) se o órgão abriu ou abrirá denúncia contra os indiciados e aguarda retorno. O advogado criminalista Eduardo Milhomens explica que só é possível estimar quais serão as penas dos indiciados após divulgação das minúcias da denúncia. O crime de estelionato, por exemplo, pode levar de um a cinco anos de prisão, porém variáveis podem elevar ou diminuir o tempo da pena para o conjunto de crimes.
O advogado também detalha que é difícil que os empresários sejam responsabilizados criminalmente. "Se eles tivessem de fato comprado vacinas, haveria crime”, pontua. Pela legislação brasileira, destaca Milhomens, como eles foram enganados e não se vacinaram realmente, tornaram-se vítimas do esquema.
O caso da aplicação de supostas vacinas contra Covid-19 foi revelado em março de 2021. Cláudia se passava por enfermeira e vendeu as doses para empresários de Belo Horizonte. Vídeo gravado por uma vizinha de uma garagem no bairro Alto dos Caiçaras, na região Noroeste de BH, mostra a mulher atendendo as pessoas que saíam de uma fila de carros.
A apuração da PF revelou que as doses eram negociadas por R$ 600. Na época, no início da vacinação contra a Covid-19 no país, apenas profissionais da saúde e parte dos idosos estavam recebendo o imunizante em BH. Cláudia e seu filho chegaram a ser presos, mas foram liberados.
Esta matéria está em atualização.