Não fosse a explosão que levou ao incêndio da aeronave pilotada por Allan Duarte de Jesus Silva, 29, o piloto provavelmente teria sobrevivido à queda do avião na última segunda-feira (21), no bairro Caiçara, na região Noroeste da capital, informou a Polícia Civil. Segundo a corporação, Silva não teve nenhum trauma específico que pudesse levá-lo a morte, mas não resistiu às queimaduras, que chegaram a quase 100% do seu corpo.
O piloto morreu nessa terça-feira (22) no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Ele estava consciente quando foi socorrido, mas não resistiu. ”Foi feita a necrópsia e não identificou nenhum trauma que justificasse a morte. Nenhum trauma mecânico. Não foi uma contusão, uma fratura, uma hemorragia que levou ao óbito. Foi a queimadura por si. Quase 100% da superfície corporal queimada. Se não tivesse queimado o avião, ele muito provavelmente estaria vivo”, explicou o superintendente técnico-científico da corporação, Thales Bittencourt de Barcelos.
Ainda segundo Barcelos, não é possível dizer se as outras três vítimas fatais do acidente morreram pelo mesmo motivo. “Como eles estavam altamente carbonizados e morreram naquele momento, não é possível dizer se houve outro mecanismo da morte além da queimadura, porque a carbonização danificou até os próprios ossos, o que dificulta a análise”, afirmou.
Além de Silva também morreram no acidente o piloto de helicóptero Hugo Fonseca da Silva, de 38 anos, e os pedreiros Pedro Antônio Barbosa, de 54 anos, e Paulo Jorge de Almeida, de 61 anos, que estavam no carro atingidos pela aeronave.
De todas as vítimas fatais, o corpo de Paulo Jorge de Almeida é o único que ainda aguarda identificação no Instituto Médico Legal (IML) da capital. Em coletiva para a imprensa na tarde desta quarta-feira (23), a Polícia Civil informou que precisa aguardar resultados de DNA. Segundo o superintendente Thales Bittencourt, situação é semelhante aos casos de Brumadinho.
“Foi um corpo altamente carbonizado, inclusive na região encefálica. Não foi possível a análise de arcada dentária, tampouco análise de impressão digital, por isso foi encaminhado para análise de DNA. Já foi coletado material de DNA de familiares. Nos mesmos moldes que acontece em Brumadinho mas por motivos um pouco diferentes, é difícil a extração de DNA de material do corpo carbonizado. Nós vamos fazer o possível para liberar esse corpo o quanto antes, mas não posso dizer ainda qual o prazo”, explicou o superintendente.
Segundo a Polícia Civil, nos trabalhos dos peritos, Pedro Antônio Barbosa foi reconhecido no mesmo dia do acidente por impressão digital. Mesmo com o corpo parcialmente carbonizado, ele tinha as mãos suficientemente preservadas para a análise. Já Hugo Fonseca da Silva foi identificado por odontologia legal. Ele tinha um crânio relativamente preservado, o que permitiu a análise de arcada dentária.