A Polícia Civil e a Copasa realizaram, na manhã desta quinta-feira (18), a operação "Bypass" contra ligações fraudulentas, popularmente conhecidas como "gatos", em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. 

Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em nove endereços da cidade. As apurações dos fatos começaram em julho deste ano. "Nós recebemos a notícia que não se trataria de uma ligação individual fraudando a rede de distribuição e, sim, uma equipe estruturada contando com servidores da Copasa. Nós recebemos ordem judicial para fazer a conferência", explicou o delegado Guilherme Saback.

Um ex-funcionário da companhia, que pediu demissão na última semana, e dois servidores terceirizados em ativa, estariam envolvidos no esquema. 

Como funcionava o esquema

De acordo com o delegado, o esquema começava assim que chegava uma ordem de serviço de ligação ou religação na companhia. O funcionário envolvido na ação negociava os serviços. 

"A Copasa recebia um pedido de ligação ou religação de água. Para poder instar esse usuário a contribuir com uma irregularidade, ele (o funcionário)  atrasava na prestação do serviço. Além de atrasar, por vezes, ele ofertava também um serviço que não seria contabilizado pela Copasa um fornecimento de água", disse o policial. 

Para que eles pudessem efetivar a fraude, os suspeitos clonavam um veículo, como se fosse da frota da Copasa. Eles plotavam a logo, usavam cones, interrompiam a via e, com isso, as pessoas que passavam pela rua achavam que estava acontecendo um serviço regular. 

"Um servidor comparecia (no endereço), colocava uma viatura clonada da Copasa externamente, realizava a quebra do passeio e fazia a ligação clandestina de forma que o imóvel passa a receber a água sem realizar o pagamento para a Copasa", detalhou o delegado. 

Entre os bairros em que foram cumpridos os mandados estão Eldorado, Industrial, Arvoredo e Chácara Colonial. Ao todo, 30 policiais civis e 18 técnicos da Copasa participaram da operação. 

Hidrômetros serão periciados

Os hidrômetros dos endereços que eram alvos da operação foram retirados dos imóveis e passarão por perícia. "É um crime não apenas contra a empresa. É um crime contra a sociedade. Alguém, de maneira fraudulenta, deixa de pagar pelo seu consumo e, como é um serviço tarifado, esse não pagamento acaba sendo rateado com a sociedade como um todo", explicou Ricardo Simões, diretor técnico da Copasa.

Entre janeiro e outubro deste ano, a Copasa registrou 16 mil infrações em Minas Gerais. 

Crimes

"Ao longo do dia faremos a verificação da conduta de cada indivíduo, e eles poderão responder desde corrupção ativa, em razão de terem contratado o serviço de um servidor da Copasa. A corrupção passiva, onde esse servidor aceitou praticar a conduta indevida. Além da corrupção, os usuários poderão responder pela receptação e pelo furto, a depender da modalidade da forma que foi praticada a fraude", finalizou o delegado. 

Condomínio 

Um dos alvos da operação foi um condomínio no bairro Chácara Colonial em que estão 40 casas. Alguns dos imóveis foram averiguados pelas equipes. 

"Eu comprei aqui em 2014 achando que era um loteamento aprovado. Quando a gente veio construir surgiu um embargo judicial. Estamos batalhando para que a prefeitura regularize a nossa situação. Somos pessoas do bem e precisamos da água e da luz", desabafou a aposentada Maria do Carmo Fernandes, de 58 anos. 

Em nota, a Prefeitura de Contagem informou que "o loteamento não tem regularização fundiária e cabe ao proprietário providenciá-la, não sendo, portanto, responsabilidade da Prefeitura, uma vez que não se trata de área de interesse social".

A Prefeitura informou ainda que "tem apoiado os moradores, realizando reuniões junto à Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação para prestar auxílio e orientação".

Matéria atualizada às 13h23