Janelas trincadas

Polícia Civil investiga quatro disparos contra a Cidade Administrativa

Tiros atingiram edifício Minas, onde ficam as secretarias de Educação de Saúde; servidores se dividem sobre o que teria motivado a ação

Por Gabriel Rodrigues
Publicado em 21 de maio de 2020 | 19:04
 
 
 
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Uma equipe da Polícia Civil de Minas Gerais esteve na Cidade Administrativa na tarde desta quinta-feira (21) para averiguar os disparos que atingiram um dos prédios na noite de quarta (20). Segundo registros da Polícia Militar, os tiros foram ouvidos por militares do batalhão de policiamento de guarda na região por volta das 19h30 de quarta e teriam vindo, provavelmente, da MG-10, rodovia em frente ao edifício atingido.    

O delegado da Polícia Civil Hugo Arruda percorreu a área acompanhado de dois investigadores e um inspetor da polícia, além de dois funcionários da administração do local. Foram pelo menos quatro tiros, pelo que mostram marcas em três janelas do primeiro andar e em uma do segundo no Edifício Minas, onde ficam as secretarias de Educação e de Saúde, por exemplo.

Segundo a reportagem acompanhou na movimentação dos policiais, foi identificada uma câmera no alto do prédio, na parte externa. A Polícia Civil não informa se cenas ligadas ao crime foram registradas pela câmara, com a justificativa de que não quer atrapalhar as investigações. O governo do Estado, por meio de assessoria de imprensa, também não esclareceu se tem acesso a câmeras com imagens dos disparos, com o mesmo agumento da Civil. 

Com uso de lanternas, a Polícia Militar já havia encontrado dois projéteis no chão na noite de quarta, mas os outros dois ainda não teriam sido localizados, conforme acompanhou a reportagem na tarde de quinta. A princípio, o calibre dos projéteis não foi identificado pelos policiais militares e a Civil ainda não o informa, segundo ela, para não atrapalhar as investigações.

Nenhuma das janelas atingidas se rompeu. Isso evidencia, de acordo com uma fonte da Polícia Civil, que não teria sido utilizada uma arma de longo alcance no disparo, caso ele tenha partido da MG-10. Na noite de quarta, a Polícia Militar realizou uma ronda ostensiva na rodovia, sem resultados. Nenhum dos funcionários que ainda estavam no prédio nesse horário foi atingido, segundo funcionários da administração local que acompanhavam a Polícia Civil.  

Servidores se dividem sobre hipóteses para explicar os tiros

Questionado pela reportagem sobre as possíveis motivações dos disparos — se foram uma forma de protesto ou acidentais, por exemplo —, o Governo do Estado não se posicionou, apenas reforçou que a ocorrência foi registrada e que a Polícia Civil conduz a investigação.

Já servidores públicos que trabalham no local consideram as duas possibilidades. A auxiliar administrativa Márcia Costa, 39, ficou sabendo do incidente pela imprensa na manhã desta quinta, antes de seguir para o trabalho. “Acho que é protesto ou vingança”, comenta.

Ela não costuma trabalhar no horário em que os disparos aconteceram, mas diz estar temerosa: “A gente fica com medo, porque acha que está seguro e não está. O que a gente pensa é se está no lugar na hora em que isso acontece, no horário de pico fora da pandemia”. 

Um vigilante terceirizado de 23 anos, que prefere não se identificar, afirma estar tranquilo. “Acho que foi alguém querendo chamar atenção. Não me dá medo”. Na perspectiva de Luciana Silva, 22, que trabalha na secretaria de Saúde, os tiros não passaram de acidente. “Fiquei sabendo logo de manhã no grupo de WhatsApp dos colegas, mas ninguém criou alarde”, conta.

Ela lembra que não é a primeira vez em que algo do tipo acontece na Cidade Administrativa: em 2017, a Polícia Civil também investigou disparos ao mesmo prédio, o edifício Minas. A reportagem questionou a polícia se há possibilidade de correlação entre os eventos, mas não teve retorno até a finalização desta matéria. 

(Com colaboração de Lara Alves)

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