O remanejamento de detentos de alta periculosidade para outros presídios, além da facilitação de entrada de celulares e drogas nas unidades prisionais e uma possível ajuda para fugas de presos eram algumas das atividades de uma quadrilha criminosa que foi desarticulada nesta quinta-feira (8). Segundo as investigações, que tiveram início em março, servidores públicos, advogados, detentos e ex-presidiários faziam parte do esquema. A operação teve como foco o cumprimento de 29 mandados de prisão preventiva, dos quais pelo menos 28 foram realizados, e 45 de busca e apreensão em 15 municípios mineiros.
Três imóveis foram sequestrados pela Justiça e três veículos apreendidos hoje, além de celulares, computadores e R$ 12 mil em dinheiro. Tiveram a prisão preventiva decretada seis advogados, cinco servidores, cinco parentes de presos e 13 pessoas que já estavam presas.
“A quadrilha negociava vagas entre presídios, pavilhões e alas, em troca de vantagens indevidas. Presos de alta periculosidade, mediante a pagamento, eram remanejados”, disse o coordenador da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Minas (FICCO-MG), Alexsander Castro.
A suspeita é que o esquema facilitaria, inclusive, a fuga de detentos. “Os benefícios eram ser transferidos para pavilhões onde eles podiam ficar mais tranquilos, em alguns, podiam sair das celas em determinados momentos, vigia menor.
A investigação apontou também indícios de uma suposta facilitação na fuga de detentos por meio do esquema” explicou o delegado, Murilo Ribeiro. Os advogados atuariam na intermediação com os servidores públicos responsáveis pelas transferências dos detentos. Os valores envolvidos no esquema não foram divulgados, mas sabe-se que só um dos investigados teria recebido cerca de R$ 2 milhões.
A Polícia Civil não confirmou os nomes dos envolvidos, mas segundo fontes, entre os presos estão ex-diretores de presídios, além de delegados e advogados de renome na área criminal. Eles são investigados por participação em organização criminosa, corrupção ativa, passiva e concussão. Condenados, podem pegar até 20 anos de reclusão. A quadrilha agia principalmente nas penitenciárias José Maria Alkimin, em Ribeirão das Neves, e Nelson Hungria, em Contagem, ambas na região metropolitana.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) informaram não compactuar com quaisquer desvios de conduta de seus servidores.
A pasta informou que “tem atuado no combate a ações criminosas e no flagrante e investigação de posturas inadequadas com a conduta esperada de um profissional da segurança pública”. A Sejusp ressaltou também que os profissionais presos nesta manhã não conjugam dos valores cultivados pelo Depen e “não representam os mais de 17 mil servidores que, diariamente, possuem a missão de custódia e ressocialização de cerca de 60 mil internos em Minas”.
Atualizada às 20h40