'Nelson Alegria'

Polícia Federal comanda operação contra corrupção em prisões de MG

Vinte e nove mandados de prisão preventiva são cumpridos na manhã desta quinta-feira em 15 cidades mineiras, entre elas Belo Horizonte e Contagem

Por Lara Alves, Raquel Penaforte e Natália Oliveira
Publicado em 08 de outubro de 2020 | 07:23
 
 
 
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O remanejamento de detentos de alta periculosidade para outros presídios, além da facilitação de entrada de celulares e drogas nas unidades prisionais e uma possível ajuda para fugas de presos eram algumas das atividades de uma quadrilha criminosa que foi desarticulada nesta quinta-feira (8). Segundo as investigações, que tiveram início em março, servidores públicos, advogados, detentos e ex-presidiários faziam parte do esquema. A operação teve como foco o cumprimento de 29 mandados de prisão preventiva, dos quais pelo menos 28 foram realizados, e 45 de busca e apreensão em 15 municípios mineiros.
Três imóveis foram sequestrados pela Justiça e três veículos apreendidos hoje, além de celulares, computadores e R$ 12 mil em dinheiro. Tiveram a prisão preventiva decretada seis advogados, cinco servidores, cinco parentes de presos e 13 pessoas que já estavam presas. 
“A quadrilha negociava vagas entre presídios, pavilhões e alas, em troca de vantagens indevidas. Presos de alta periculosidade, mediante a pagamento, eram remanejados”, disse o coordenador da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Minas (FICCO-MG), Alexsander Castro.
A suspeita é que o esquema facilitaria, inclusive, a fuga de detentos. “Os benefícios eram ser transferidos para pavilhões onde eles podiam ficar mais tranquilos, em alguns, podiam sair das celas em determinados momentos, vigia menor. 
A investigação apontou também indícios de uma suposta facilitação na fuga de detentos por meio do esquema” explicou o delegado, Murilo Ribeiro. Os advogados atuariam na intermediação com os servidores públicos responsáveis pelas transferências dos detentos. Os valores envolvidos no esquema não foram divulgados, mas sabe-se que só um dos investigados teria recebido cerca de R$ 2 milhões. 
A Polícia Civil não confirmou os nomes dos envolvidos, mas segundo fontes, entre os presos estão ex-diretores de presídios, além de delegados e advogados de renome na área criminal. Eles são investigados por participação em organização criminosa, corrupção ativa, passiva e concussão. Condenados, podem pegar até 20 anos de reclusão. A quadrilha agia principalmente nas penitenciárias José Maria Alkimin, em Ribeirão das Neves, e Nelson Hungria, em Contagem, ambas na região metropolitana.

Procurada pela reportagem, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) informaram não compactuar com quaisquer desvios de conduta de seus servidores. 

A pasta informou que “tem atuado no combate a ações criminosas e no flagrante e investigação de posturas inadequadas com a conduta esperada de um profissional da segurança pública”. A Sejusp ressaltou também que os profissionais presos nesta manhã não conjugam dos valores cultivados pelo Depen e  “não representam os mais de 17 mil servidores  que, diariamente, possuem a missão de custódia e ressocialização de cerca de 60 mil internos em Minas”.

Atualizada às 20h40

 

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