O policial civil Vinicius Oliveira da Silveira, 36, que matou a mulher, de 40 anos, no bairro Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, na noite desta sexta-feira (10), possuía diversas passagens pela polícia. Após perseguição e troca de tiros, ele foi morto por militares no bairro Santa Efigênia, na mesma região.
De acordo com a Polícia Militar (PM), a mais recente é de junho deste ano, por ameaça e agressão contra a companheira. Conforme O TEMPO mostrou, ela relatou que, após uma discussão, Silveira tentou enforcá-la e deu uma mordida em seu nariz. Ela ainda foi ameaçada de morte pelo suspeito, que teria dito que não tinha nada a perder. A vítima foi à polícia e solicitou a concessão de medida protetiva. Na época, ela informou que o casal tinha um filho de 3 anos.
Segundo a PM, o policial ainda tem duas passagens registradas em 2014: uma por não aceitar a separação e importunar a ex-mulher com ameaças, e outra por acertar a namorada com um disparo de arma de fogo. Ele ainda tem um registro por ameaçar a mulher, em 2013, e outro, de 2012, quando estava embriagado e também ameaçou a mulher.
A ocorrência de homicídio começou na noite desta sexta-feira depois de uma discussão entre o casal, que teria sido iniciada em um bar. Uma testemunha afirmou à Polícia Militar (PM) que estava entregando pizza quando viu Silveira discutindo com a mulher, na rua Capelinha, de forma muito agressiva. O homem estava, inclusive, empurrando a vítima com força contra a parede.
Algumas pessoas que estavam no bar tentaram intervir e impedir a agressão, mas, neste momento, Silveira teria sacado uma arma de fogo e gritado que era policial. Ele ainda teria atirado contra o chão e efetuado disparos para o alto.
Ainda segundo o boletim de ocorrência, a vítima implorou para ir embora, e o homem respondeu que ela já "tinha feito da vida dele um inferno". Ele atirou contra ela uma vez e, depois que a mulher caiu, efetuou mais disparos. Em seguida, entrou em um Honda Civic preto e saiu em alta velocidade pela rua Palmira.
Militares iniciaram um rastreamento e encontraram o veículo parado, no cruzamento da rua Ouro com a rua Palmira. Ao perceber a presença dos policiais, Silveira fugiu, até perder o controle do carro e bater contra outros dois veículos no na avenida do Contorno com rua Juiz da Costa Val, no Santa Efigênia.
O policial civil teria descido do veículo, com a arma nas mãos, e corrido, tentando fugir. Os militares perseguiram Silveira e ordenaram que ele parasse, mas o homem teria respondido dizendo: "vocês vão ter que me matar". Ele começou a atirar na direção dos militares, que revidaram.
O suspeito continuou a correr pela avenida do Contorno e, quando entrou na rua Álvares Maciel, deparou-se com uma guarnição do Rotam. Os militares iniciaram uma nova perseguição e, depois que Silveira começou a efetuar disparos de arma de fogo contra a guarnição, eles revidaram. O suspeito caiu e foi encaminhado para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII. Ele chegou a ser atendido, mas não resistiu aos ferimentos.
De acordo com a PM, as armas dos militares envolvidos na ocorrência foram recolhidas. Um auto de prisão em flagrante dos policiais foi lavrado, como prevê o Código de Processo Penal, independentemente da situação. "Se o desenho da ocorrência denotar uma situação em que o comandante perceba a legítima defesa, de imediato ele faz despacho não ratificador e encaminha para a Justiça, para que o trâmite corra normalmente e de forma que os policiais continuem normalmente defendendo a sociedade", afirma o major Flávio Santiago, porta-voz da corporação.
A Polícia Civil informou que, em 14 de junho, a vítima esteve na Delegacia de Mulheres, na capital, para registrar o boletim de ocorrência de agressão e ameaças, ocorridas quando o casal passeava na casa do sogro, em Entre Rios de Minas, na região Central. A autoridade policial representou pelas medidas protetivas, que foram concedidas.
Três dias depois, a mulher voltou à delegacia informando que não queria mais prosseguir com as investigações e solicitou a retirada das medidas e a conclusão do procedimento. A PCMG, então, interrompeu os trabalhos em relação às ameaças, por serem condicionadas à representação da vítima.
Mas as investigações em relação à lesão corporal continuaram, porque a instauração não depende da vontade da vítima. Segundo a corporação, "uma vez concedida qualquer medida protetiva, somente o Poder Judiciário pode retirar".
Ainda de acordo com a corporação, assim que foram concluídos os trabalhos na Delegacia de Mulheres, todo o procedimento foi encaminhado para a delegacia de Entre Rios de Minas, onde o inquérito foi instaurado. Durante as investigações, a PCMG fez contato com a vítima para marcar a data do depoimento, mas ela disse que não iria dar continuidade porque havia reatado o relacionamento com o companheiro. O fato foi confirmado pelo sogro dela, em depoimento.
Uma carta precatória foi expedida para Belo Horizonte, onde o casal morava. Segundo a PCMG, o policial seria ouvido nos próximos dias.