Graças ao diagnóstico preciso e ao tratamento médico adequado, o desânimo fora do comum que a aposentada Selma Avelina Guimarães, 65, vinha sentindo não se agravou e evoluiu para o óbito. Diagnosticada com pneumonia, aos 58 anos, ela nem desconfiou, na época, que poderia estar com a doença, responsável pela morte de 5.541 pessoas em Minas Gerais, só de janeiro a setembro deste ano.
A média no Estado é de 20 registros de falecimento por dia em decorrência da enfermidade, considerada uma epidemia mundial pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), foram 55.113 internações no mesmo período, e 10% dos pacientes morreram. Em Belo Horizonte, os números também são alarmantes: 3.619 internações de janeiro a agosto, e 699 óbitos até outubro, uma média de duas mortes por dia, conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA).
“Estranhei, dizem que pneumonia dói e dá febre, mas eu não senti nada. Quando descobri, o médico me receitou um antibiótico e me mandou ficar de repouso”, contou a aposentada.
Apesar de acometer pessoas de todas as idades, os idosos e as crianças são os mais vulneráveis à doença. Das 3.619 internações da capital, 783 foram de pessoas de 80 anos ou mais (21,6%) e 461 de 1 a 4 anos (12,7%) – públicos mais acometidos.
"Todos podemos ter pneumonia bacteriana, por termos bactérias no nosso organismo. Mas são nos momentos de fragilidade que elas podem nos atacar. Nesse sentido, crianças e idosos são mais suscetíveis”, explicou o presidente da Sociedade Mineira de Pneumologia, Marcelo De Fuccio.
Atemporal. Segundo o especialista, embora a doença seja mais frequente no inverno, ela pode ocorrer o ano todo. Por isso, as pessoas devem ficar atentas aos sinais para identificarem rapidamente o problema e iniciarem o tratamento. “Os sintomas clássicos da pneumonia são febre, tosse e corpo ruim. Mas o início pode ser confundido com uma gripe. Por isso, os médicos pedem um raio X do pulmão e um hemograma, exames que ajudam a identificar a doença”, afirmou.
Foi a insistência da Nicole Baeta, 34, de levar o filho de 3 anos ao médico quase que diariamente que a ajudou a descobrir a enfermidade na criança. “Ele teve uma febre que não cessava. Levei ao médico e nada foi identificado. No início, fiquei com medo de ser dengue, mas o exame de sangue mostrou várias alterações. No mesmo dia, a pediatra pediu o raio X do pulmãozinho e estava lá: pneumonia”, contou.
Vírus e bactérias levam à doença
A pneumonia é uma inflamação dos pulmões causada por agentes agressores e pode ser desencadeada por diferentes motivos. Segundo o presidente da Sociedade Mineira de Pneumologia, Marcelo De Fuccio, do ponto de vista epidemiológico, os dois principais tipos de pneumonia são a virótica e a bacteriana.
“O vírus da gripe, o sarampo e até o vírus da herpes podem provocar a pneumonia virótica se eles acometerem o pulmão”, explicou.
Já a bacteriana, de acordo com De Fuccio, pode ser causada por bactérias internas ou externas ao nosso organismo. “Dependendo do estado imunológico do paciente, a bactéria pode provocar a doença”, completou.
Vacina é essencial para prevenção contra enfermidade
Para se prevenir da pneumonia, além da adoção de hábitos saudáveis, como higiene, boa alimentação e atividades físicas, as pessoas devem recorrer à vacinação. O presidente da Sociedade Mineira de Pneumologia, Marcelo De Fuccio, explica que, para a imunização, é necessário tomar várias vacinas contra subtipos da bactéria Streptococcus pneumoniae, também chamada de Pneumococo.
“As vacinas pneumo 13 e pneumo 23 atuam contra 13 e 23 subtipos de pneumococo, respectivamente”, afirmou o especialista.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informou que oferece a vacina pneumocócica 10 na rotina vacinal dos 152 centros de saúde da capital. Já a pneumo 23 e a pneumo 13-valente (que protege contra 13 tipos de pneumococo e outras infecções, como meningite e otite) são aplicadas no Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie), localizado na rua Paraíba, 890, no bairro Funcionários, na região Centro-Sul de Belo Horizonte.
A pneumo 13-valente é recomendada para pacientes que vivem com HIV/Aids, transplantados e pacientes oncológicos, a partir dos 5 anos.