Mobilidade

Prefeitos criticam traçado e pedágio em audiência sobre projeto do Rodoanel

Secretário Fernando Marcato compareceu virtualmente após faltar a duas audiências e disse que o Estado está analisando o projeto alternativo dos municípios

Por José Augusto Alves
Publicado em 26 de novembro de 2021 | 12:15
 
 
 
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Pela primeira vez nessa segunda consulta pública sobre o projeto do Rodoanel, o secretário de Estado de Mobilidade e Infraestrutura,  Fernando Marcato, participou de uma audiência pública sobre o tema. De maneira virtual, pois estava em São Paulo, ele se manifestou. A audiência pública foi realizada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais,  na manhã desta sexta (26), para discutir as propostas do Rodoanel. O debate foi convocado pelo presidente da Casa, deputado Agostinho Patrus (PV), após a audiência da última terça (22), que estava sendo realizada pelo governo do Estado, ter sido cancelada por falhas nos equipamentos, além do impasse entre as propostas de traçado do governo de Minas e dos municípios. Vários deputados, prefeitos da Grande BH, representantes de associações e de bairros estão presentes. 

Marcato disse que o Estado está analisando o projeto alternativo dos municípios, mas não garantiu que ele será adotado. 

Em sua fala, o prefeito Vittorio Medioli, de Betim, disse que é lamentável chegar a esse estágio da discussão do projeto para se resolver os problemas de um projeto que é de interesse público. Ele também explanou os interesses que estariam por trás do projeto. "O Estado terceirizou os estudos sobre o Rodoanel ao assinar o termo de cooperação com o Movimento Brasil Competitivo, que contratou duas empresas de consultoria de engenharia para fazer o traçado. Mas isso só interessa a grupos econômicos, empresas de concessão, e não á população", disse. "O Rodoanel é uma obra pública, não uma obra de concessão. Se você terceiriza uma análise a empresas que têm laços com concessionárias, isso não atinge o interesse público. O dinheiro da Vale dá pra fazer toda a obra, a um custo de R$ 3 bilhões, conforme apresentamos na proposta dos municipios", completou. 

Ainda durante sua apresentação, Medioli apresentou dados sobre o preço da cobrança de pedágio proposto pela Seinfra. O valor unitario do pedágio seria de R$ 0,35 por km rodado por eixo, enquanto que o valo hoje na rodovia Fernão dias é R$ 0,03, ou seja, no Rodoanel o preço seria 1.067% maior. 

"O projeto é para empreiteiras lucrarem com a concessão, que será de 30 anos", discursou. Ele também salientou que a análise divulgada há duas semanas pela Seinfra sobre primeira proposta enviada lá em março adulterou o traçado proposto pelo município. Por isso, a prefeitura ingressou com denúncia no MP. 

"É estarrecedor esse processo", disse Kalil

O prefeito de Belo Horizonte,  Alexandre Kalil, disse na audiência que o processo do Rodoanel "está todo errado". "É estarrecedor esse processo. Não entendem de obra. Estão discutindo traçado e falando em pedágio. Não tem detalhamento de planilha de custos, a contabilidade é totalmente bagunçada. Ninguém conhece o projeto, que está guardado na gaveta. Do jeito que está, com duas pistas e sem possibilidade de ampliação,  o Rodoanel será um Anel Rodoviário 2 daqui a 15 anos", disse.

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