A prefeitura de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, interditou em definitivo a Grüntec Serviços Ambientais Ltda por queima de lixo hospitalar. A empresa, que fica entre as casas do bairro Kennedy e nega ilegalidades, tem até 20 dias para encerrar as suas atividades.
A empresa vinha sendo alvo de monitoramento pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), devido o alto número de reclamação dos moradores, que se incomodavam com a fumaça e o mau cheiro expelido por uma chaminé. Veja:
De acordo com o secretário da Semad, Wagner Donato, não há mais condições da empresa continuar funcionando. “Realizamos várias ações de fiscalização na empresa. Fizemos dezenas de testes e constatamos que a Grüntec não consegue manter os padrões de queima exigidos por Lei. Por isso, vamos indeferir a licença ambiental da empresa, e ela terá vinte dias para encerrar as operações no local”, explicou.
Outra interdição
No dia 2 de agosto deste ano, a Grüntec foi interditada pelos mesmo motivos. “Essa empresa já foi autuada para se adequar à legislação e, realmente, ela vem fazendo esforço para isso. Mas, infelizmente, ainda não alcançou a regularidade necessária. Hoje, estamos fazendo a interdição da empresa por causa do mau cheiro que incomoda os moradores”, informou a fiscal da Semad, Sirlene Almeida.
Mas, apenas cinco dias depois, a empresa obteve liminar na Justiça para voltar a funcionar normalmente. A Grüntec Serviços Ambientais iniciou suas atividades em maio de 2017, mas é alvo de contantes reclamações dos moradores vizinhos.
Na época, ela informou que a decisão de interdição foi ilegal e arbitrária. "Salientamos que ficamos absolutamente surpresos com tal imposição ilegal e arbitrária, já que a Grüntec é uma empresa totalmente legalizada, geradora de empregos e impostos para o município", disse.
"Ressaltamos possuímos todas as licenças para o funcionamento. (...) Seus processos são gerenciados em local apropriado (...) Todos os documentos que comprovam essas informações estão sendo entregues aos órgãos competentes e um Mandado de Segurança, com pedido de liminar, providenciado e a liminar obtida nesta terça-feira. As atividades da empresa seguem normalizadas", concluiu.
Reclamações
Moradores do bairro Kennedy, que fica ao lado da Central de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa), já fizeram diversas reclamações e denúncias por causa do mau cheiro e da fumaça que uma chaminé, no alto da empresa, expele diariamente.
"Essa empresa entrou misteriosamente na rua Getúlio Vargas, e está instalada há dois anos e meio. De lá pra cá só vem trazendo transtorno. Ela solta uma fumaça fedorenta, principalmente durante a madrugada", reclamou Olavo Cordeiro, de 57 anos. Ele gravou um vídeo de como é a situação no bairro, assista:
Segundo ele, os moradores protocolaram diversas denúncias contra as atividades que ocorrem no local. "Nós já fizemos denúncia na prefeitura, na Secretaria do Meio Ambiente e montamos um abaixo-assinado com 720 assinaturas para a retirada da empresa", informou.
Outro lado
A Grüntec informou que o equipamento utilizado na empresa é de tecnologia japonesa, amplamente testado e aprovado pelos órgãos ambientais em vários países. Ela disse que não queima o lixo hospitalar, mas o decompõe.
"Elimina 95% do resíduo e 100% da matéria resultante é aproveitável e pode ser usada como adubos, fabricação de bloquetes, entre outros. Vidros e metais são reaproveitados e vendidos como material reciclado", salientou.
Sobre a fumaça, a empresa afirmou que não faz mal à saúde das pessoas e dos animais. "Não há geração de gases tóxicos ou efluentes líquidos, e o alcatrão retirado do sistema seca e retorna ao equipamento para ser decomposto. O equipamento funciona com a presença de oxigênio ionizado e decompõe a temperaturas totalmente dentro das normas ambientais, conforme prevê o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)", concluiu.