Brumadinho

Produtores rurais contabilizam prejuízos após tragédia

Lama destruiu plantações e também impede a retirada de água do rio Paraopeba; Faemg promete ajuda

Por Rafaela Mansur
Publicado em 04 de fevereiro de 2019 | 17:40
 
 
 
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Com o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, na região metropolitana de Belo Horizonte, produtores rurais da cidade e de municípios vizinhos amargam prejuízos. Em alguns casos, as plantações foram destruídas pela lama e, em outros, as produções estão inviáveis por causa da falta de água, devido à interrupção da captação no rio Paraopeba. Nesta segunda-feira (5), os atingidos se reuniram com representantes da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), que vai buscar a negociação e o perdão das dívidas do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). 

A produtora rural Eliane Lopes, de 42 anos, de Mário Campos, na região metropolitana, precisou paralisar a produção por falta de água. Ela plantava alface para vender em restaurantes e sacolões e estima prejuízo acumulado de R$ 5.000 desde o rompimento da barragem. "Minha horta está morrendo aos poucos sem eu poder fazer nada porque não posso usar água do rio. O pessoal da Vale falou que levaria caminhão-pipa, mas até hoje não voltou lá", contou. 

Já a horta de onde Soraia Aparecida Campos, de 41 anos, e outras nove famílias retiravam o sustento de casa, em Parque da Cachoeira, em Brumadinho, foi totalmente devastada pela lama. "Acabou com nossa água, acabou tudo. Não sei o que vou fazer da vida, as contas estão tudo aí", lamentou. Segundo ela, a doação de R$ 15 mil oferecida pela Vale para quem desenvolvia atividades rurais na região é insuficiente até para pagar as contas do Pronaf. 

De acordo com o presidente da Faemg, Roberto Simões, a entidade pode ajudar na negociação das dívidas. "Acho que, em alguns casos, o pagamento vai ter que ser totalmente perdoado, porque não tem condição, a pessoa não vai ter como produzir, nós podemos ajudar a fazer isso", afirmou.

Segundo ele, há cerca de 440 produtores rurais nos municípios mais atingidos ao longo do rio Paraopeba, mas o número de afetados pela tragédia é menor e ainda está sendo contabilizado. "São dois problemas fundamentais: primeiro, tem que haver indenização imediata dessas pessoas para elas poderem sobreviver. A água também é uma questão fundamental, onde ela não puder ser ofertada, vai ter que ser trazida até que as condições permitam usar aquela água (do rio)", disse, citando também a necessidade de fornecimento de alimentação para os animais.

Simões ressalta que a Faemg também pode ajudar em medidas de prazo mais longo. "A gente tem como trazer para cá coisas mais definitivas, como ponto de atendimento do Sebrae, um treinamento para jovens, concurso agrotécnico para que eles tenham algum futuro, fazer casa mineira de empreendedorismo no município para orientar projetos novos, enfim, recompor a economia local para poder progredir", pontuou. 

Ele afirmou que a Faemg também pode fornecer assessoria jurídica, mas que acredita que medidas extrajudiciais podem ser melhores agora. "Podemos trabalhar junto com a Vale para encaminhar esses processos de maneira mais simples, porque judicializar coisas no Brasil pode levar muito tempo. Há medidas imediatas, na Justiça é muito difícil resolver coisas imediatas".

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