O "Comida que Abraça", projeto social criado no início da pandemia de coronavírus, no ano passado, não se contentou em apenas oferecer alimentação a moradores de rua de Belo Horizonte. Agora, os idealizadores querem expandir os horizontes, mudando mais profundamente a vida das pessoas em situação vulnerável.
Com o "Escola de Abraço", uma espécie de projeto secundário, a ideia é capacitar e desenvolver pessoas com relação à prática básica da gastronomia. Segundo a empresária Renata Camargo Prata, de 49 anos, quando se trabalha com algo do tipo, percebe-se que é impossível atingir um objetivo e ficar por isso mesmo.
"Primeiramente, nosso objetivo era servir refeição para os moradores de rua durante três meses, lá no início de 2020. Depois, fomos estendendo, foi até setembro, até dezembro, e percebemos que era algo que não dava mais para parar. Não tem como você ajudar tanta gente e depois simplesmente não ajudar mais", contou.
Em quase um ano, já foram distribuídas mais de 18.500 refeições, o equivalente a 15 toneladas de alimento, que são arrecadados com ajuda de voluntários.
"Eu fiquei pensando em como evitar que novas pessoas fossem morar na rua, porque a gente tem percebido o tanto que tem aumentado o número de pessoas nessas condições. Pensando nisso, queremos usar a nossa cozinha, que era apoio de um restaurante que fechou justamente por causa da crise, para criar condições para essas pessoas melhorarem de vida e se inserirem no mercado", explicou Renata.
O curso, que deve começar em abril com uma turma de 15 pessoas, terá a duração de aproximadamente dois meses, somando 16 encontros, no bairro Renascença, região Nordeste da capital. Ele será estruturado da seguinte forma:
Módulo 1 – Conhecendo a Cozinha
Módulo 2 – Boas Práticas de Manipulação de Alimentos
Módulo 3 – Conhecendo os Alimentos (Despertando para o Consumo Consciente)
Módulo 4 – Bases de Cozinha (Cortes, Molhos, Preparos Básicos)
Módulo 5 – Confeitaria
Módulo 6 – Panificação
Módulo 7 – Prática de Cozinha (Experimentando A Realidade De Um Restaurante)
Módulo 8 – Avaliação e Troca de Experiência
De acordo com os idealizadores, quem escolherá os beneficiados será o Instituto de Apoio e Orientação a Pessoas em Situação de Rua (Inaper), parceiro do projeto. Antes de começar o curso, as pessoas vão passar por avaliação médica, psicológica e aprender sobre convivência em sociedade.
Vaquinha
Para a realização do curso, foi estimado o custo de R$ 19,902.00, dividido da seguinte maneira:
Custos básicos da cozinha – R$ 4,940.00
Insumos – R$ 6,400.00
Auxiliar de cozinha (2) – R$ 3,712.00
Projeto Audiovisual – R$ 1,500.00
Vestimenta e equipamentos – R$ 3,000.00
Material Gráfico – R$ 350.00
Para o levantamento dessa verba, foi criada uma vaquinha virtual, onde qualquer pessoa pode doar dinheiro para ajudar no projeto. Para saber mais, CLIQUE AQUI.
Veja um vídeo que conta um pouco a história do projeto:
"Queremos ajudar as pessoas de uma maneira mais aprofundada, melhorando a vida delas de uma forma geral. Futuramente, nosso objetivo é ter o apoio de psicólogos, advogados, assistentes sociais, entre outros. Muita gente não tem documento, ou tem algum problema na Justiça relativamente simples, mas que não consegue resolver", relatou.
"Precisamos cuidar dessas pessoas de maneira integral, tentando levar autoestima, confiança e esperança. A gente não quer simplesmente ensinar um ofício, mas olhar para todos os lados da vida dela", concluiu a empresária.