Belo Horizonte

Quantidade de gatos no Parque Municipal abre debate sobre abandono e castração

SOS Gatinhos do Parque estima que tenha aproximadamente 400 gatos no espaço público

Por Vitor Fórneas
Publicado em 22 de junho de 2022 | 03:00
 
 
 
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“Precisamos falar sobre a quantidade de gatos no Parque Municipal de BH”. A legenda de uma foto publicada pelo perfil BH da Zueira, no Instagram, trouxe o debate sobre um conhecido problema da capital mineira e acendeu o alerta, conforme os próprios internautas comentaram, sobre abandono e castração de animais.

A estimativa do SOS Gatinhos do Parque é de que existam aproximadamente 400 gatos no espaço público. Para cuidar dos felinos abandonados e que circulam pelo espaço, um grupo de senhoras começou a alimentá-los e desde então as atividades não pararam mais.

A administradora Isabela Lazzaroto é uma das integrantes do SOS Gatinhos do Parque e conta à reportagem de O TEMPO sobre os trabalhos desenvolvidos no Parque Municipal. “O número de gatos no parque é muito variável, pois o abandono, infelizmente, não acaba. Sempre pegamos gatos novos por lá e levamos para castrar para não aumentar a população com filhotes”, afirma.

 

 

O abandono de animais é criticado pelo deputado federal Fred Costa (Patriota). “Infelizmente é um crime recorrente e passível de prisão conforme prevista na Lei Sansão de minha autoria. A pena prevista é de dois a cinco anos de prisão para o bandido que comete maus-tratos. Talvez, este seja um dos mais covardes. Quem pratica não tem coração”.

Muitas pessoas, segundo Isabela, têm a impressão de que deixar o gato no parque é seguro, no entanto, a situação é contrária. “A visão é errônea, pois lá eles não têm abrigo. Nós até colocamos casinhas para proteger do frio, por exemplo, mas não tem para todos que ficam no sol e chuva. Ali é rua, mesmo estando com tela protegida de outros bichos. Ele está desprotegido e pode pegar doenças e se machucar”, disse.

No feriado de Corpus Christi, por exemplo, o SOS Gatinhos do Parque fez o resgate de uma gatinha que estava dentro de uma árvore. “Ela buscou abrigo por lá pois estava assustada, mas acabou se ferindo e teve a pata amputada. O parque não é ambiente para gatos viverem. É hostil pois nem todos os visitantes gostam e ainda tem pessoas que até chutam”, complementa Isabela.

 

 

Castração é necessária 

A castração é vista como essencial para frear o crescimento desordenado da população animal. “Temos que, cada vez mais, promover a castração e as feiras de adoção, além de promover educação para a sociedade compreender que animais têm sentimento e sofrem”, diz o deputado Fred Costa.

Somente em 2021, Belo Horizonte realizou 23.867 castrações, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. O serviço é oferecido gratuitamente para os residentes do município. Os agendamentos devem ser feitos, preferencialmente, pelo Portal de Serviços da Prefeitura de Belo Horizonte. Há também a possibilidade de agendamento por telefone, já que o presencial não está sendo realizado. O dono do animal deve permanecer na unidade após a castração até a alta

“A castração é importante e necessária, pois animais soltos reproduzem sem controle e têm baixa qualidade de vida, principalmente quando estão soltos em ambientes hostis da cidade”, comenta o médico veterinário Benjamim da Silva Maciel Júnior.

Os dados da Secretaria de Saúde mostram redução no número de animais castrados. Se em 2019 foram realizadas 30.264 cirurgias de esterilização, em 2020 elas cairam para 22.865 e, no ano passado, houve um leve aumento com mais de 23,8 mil.

“A castração traz benefício para o animal pois evita problemas reprodutivos, tanto nas fêmeas quanto nos machos. Nas fêmeas, especificamente, previne todos os problemas que poderiam ter devido à parto e no útero”, explica o veterinário.

Ajude

O SOS Gatinhos do Parque continua com o trabalho voluntário no Parque Municipal e conta com a colaboração para prosseguir atendendo os gatinhos. “Gastamos, em média, uma tonelada de ração por mês. A gerência do parque nos ajuda, mas ainda não é o suficiente para o mês inteiro e temos que tirar do nosso bolso”, conta Isabela.

O grupo arca com veterinário e outro alimentos para garantir a dieta dos felinos. “Criamos um Instagram com o intuito de chamar a atenção para o problema no parque e conseguirmos doações”.

Todo domingo é realizada a feira de adoção das 10h às 13h. “Damos oportunidade para eles serem adotados. Nosso apelo é para as pessoas pensarem bem antes de abandonar. Qualquer um que ver alguém cometendo tal prática pode ligar para a Guarda Municipal e denunciar”, conclui a administradora. 

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