Oito funcionários da Vale foram presos na manhã desta sexta-feira (15) em uma operação conjunta que investiga a responsabilidade criminal pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho.
Saiba quem são eles e o que faziam na empresa segundo a decisão do juiz Rodrigo Heleno Chaves, da 2ª Vara desta Comarca de Brumadinho:
1- Joaquim Pedro de Toledo - Gerente-executivo de geotecnia operacional da Vale
Gerenciava a equipe responsável pelo monitoramento e manutenção da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho. O nome dele foi mencionado por vários dos investigados, que disseram que ele ocupa posição de destaque dentro das atividades da Vale, em especial referentes à segurança e estabilidade da barragem que se rompeu. Qualquer anomalia na estrutura da barragem era a ele comunicada por seus subordinados, incumbindo a ele a adoção de providências para que o problema fosse sanado.(Joaquim Toledo. Foto: De Fato, de Itabira)
2- Cristina Heloiza da Silva Malheiros - Integrante da gerência de geotecnia chefiada por Joaquim Toledo
Uma das responsáveis pelo monitoramento in loco e manutenção da barragem em Brumadinho. Foi amplamente referenciada pela gestão da barragem nos depoimentos de César Grandchamp, Ricardo de Oliveira, Makoto Namba e Washington Pirete, sendo de seu conhecimento a situação de instabilidade da referida barragem.
3- Renzo Albieri Guimarães Carvalho - Integrante da gerência de geotecnia chefiada por Joaquim Toledo
Um dos responsáveis pelo monitoramento e manutenção da barragem. Exercia posição de destaque no que concerne aos trabalhos de geotecnia da mina, conforme depoimentos de César Grandchamp, Ricardo de Oliveira, Makoto Namba e Washington Pirete. Era responsável por passar a Joaquim as informações mais relevantes sobre a barragem, entre as quais a situação de criticidade nela verificada, que era de seu conhecimento.
4- Arthur Bastos Ribeiro - Integrante da gerência de geotecnia chefiada por Joaquim Toledo
Outro responsável pelo monitoramento in loco e manutenção da barargem em Brumadinho. Participou ativamente de conversa telemática mantida entre funcionários da Vale e da Tuv Sud nos dias 23 e 24 de janeiro de 2019 (véspera do rompimento), as quais explicitam a situação de anormalidade das medições realizadas pelos piezômetros (aparelhos que auferem a pressão da água) da barragem. As mensagens demonstram que Artur Ribeiro, Hélio Cerqueira, Denis Valentim e Vinicius Wedekim mantiveram contato sobre a situação de instabilidade da referida barragem nas vésperas de seu rompimento.
5- Alexandre de Paula Campanha - Gerente-executivo de geotecnia corporativa da Vale
Era responsável por controlar as revisões periódicas e as auditorias técnicas de segurança da barragem. Campanha aparece em posição de destaque no depoimento do engenheiro Makoto Namba, funcionário da TÜV SÜD que atestou a segurança da estrutura. Namba acusou Campanha de tê-lo pressionado a assinar a declaração de condição de estabilidade da barragem, sob o risco da TÜV SÜD perder o contrato com a mineradora.
6- Marilene Christina Oliveira Lopes de Assis Araújo - Funcionária do setor de gestão de riscos geométricos da Vale
A funcionária tinha acesso a informações sobre os resultados, a metodologia e ranqueamento das condições de risco das estruturas sob responsabilidade da empresa. Marilene é apontada por Makoto Namba como uma das interlocutoras com a empresa TÜV SÜD. Ela aparece em várias trocas de mensagens e assume uma posição de destaque frente as conclusões produzidas pelo trabalho de auditoria externa.
7- Hélio Márcio Lopes da Cerqueira - Funcionário do setor de gestão de riscos geotécnicos
Era responsável pelo gerenciamento de dados corporativos que, inclusive, denotaram o estado crítico da barragem. Tinha acesso às mesmas informações que a Marilene. Ele participou ativamente da conversa mantida entre os funcionários da mineradora e da TÜV SÜD nos dias 23 e 24 de janeiro sobre a situação de anormalidade na barragem, registrada pelos equipamentos instalados na estrutura.
(Hélio Cerqueira. Foto: Reprodução/Facebook)
8- Felipe Figueiredo Rocha - Funcionário do setor de gestão de riscos geotécnicos
Participava do gerenciamento dos dados corporativos que chegaram a denunciar o estado crítico da estrutura. Felipe foi o responsável pela apresentação interna dirigida à Vale que apontou a situação de risco das barragens, inseridas na zona de atenção pela própria empresa, dentre elas estava a barragem I, da Mina Córrego do Feijão. Na troca e-mails entre funcionários da mineradora e da TÜV SÜD, em maio de 2018, Felipe é mencionado como o “coordenador” que sabia da “possibilidade da barragem I não passar”.