O prefeito de São João del-Rei, Nivaldo José de Andrade (União Brasil), se pronunciou sobre a demanda recorrente de famílias da cidade por um reforço médico da rede assistencial em meio ao susto com a contaminação da bactéria Streptococcus. Segundo Nivaldo, foi conquistada uma verba de R$ 1 milhão para investimento em contratações de urgência de pediatras, mas a prefeitura enfrenta dificuldade em encontrar médicos disponíveis. O prefeito afirmou ainda que a demanda da população se tornou “política” e sugeriu que os críticos tentassem contratar médicos.
Prefeito de São João del-Rei diz que tem verba de R$ 1 milhão, mas faltam médicos: 'vou colocar pedreiro?'. Ele ainda sugeriu que os críticos tentassem contratar médicos. Veja! pic.twitter.com/Ufu3lRmEpR
— O Tempo (@otempo) October 26, 2023
“O nosso problema não é o dinheiro, o dinheiro já está na conta. O nosso problema é não encontrar pediatra. O que eu vou fazer? Eu vou colocar um bombeiro? Vou colocar um pedreiro lá?”, questionou. De acordo com Nivaldo José de Andrade, o valor pago para um plantonista pediátrico é de R$ 2.500. “Mesmo assim não acha. Você que está criticando, pare de criticar, vai trabalhar e consiga médicos para a gente”, sugeriu.
Três mortes de crianças, uma de três e duas de 10 anos, além da internação de mais quatro, são investigadas em São João del-Rei por suposta contaminação pela bactéria. O prefeito não informou como conseguiu a verba ou qual órgão fez a transferência. Nivaldo disse somente que irá informar sobre a origem do recurso de R$ 1 milhão na próxima segunda-feira (30 de outubro). “Segunda-feira eu vou dizer a fonte, tudo, entendeu? Eu só quero que quem tenha algum primo, algum parente que seja pediatra, que mande para a gente”, continuou.
Na perspectiva de Nivaldo, um dos motivos para a dificuldade de contratação de médicos é o valor oferecido pelo trabalho. “R$ 2.500 por plantão, eles querem mais. Nós temos outros médicos na cidade, e teria que dar aumento para todos. Se aumentar um (pagamento), tem que aumentar para todos. Nem a prefeitura, nem a Santa Casa aguenta pagar mais, os recursos federais e estaduais que vêm para o SUS são muito poucos”, justifica. A prefeitura não soube informar quantos médicos já atuam em São João del-Rei.
Mães protestaram por pediatras
Dezenas de mães manifestaram em frente à Upa São João del-Rei na noite dessa quarta-feira (25 de outubro). Segurando placas com o escrito ‘Plantão Pediátrico’ e balões da cor preta, as mulheres gritaram por um reforço médico na Upa, que é indicada como referência caso as crianças apresentem sintomas de dor de garganta, vômitos, febre e manchas na pele – características da bactéria Streptococcus. Segundo uma das manifestantes, a contadora Ana Maria Hilário Fiche, de 45, falta médicos e equipamentos na única Upa de São João del-Rei.
Entenda os casos
Andreia Pereira Donato, de 43 anos, é uma das mães que fizeram uma manifestação nesta terça-feira (24 de outubro), em frente à Prefeitura de São João del-Rei. A mulher afirma que tudo começou há pouco mais de um mês, quando um menino, de 10, passou mal na escola com dor de garganta e vômito.
Ele foi levado a Upa da cidade, onde o médico receitou analgésicos e antibiótico. No dia seguinte, a criança piorou e foi internada na Santa Casa da Cidade, onde morreu dias depois. “Logo depois, veio o caso de uma menina de 3 anos que morreu após ter os menos sintomas, ela teve ainda febre alta e marcas arroxeadas pelo corpo”, conta.
O último caso, segundo Andreia, ocorreu nessa segunda (23 de outubro), quando uma menina de 10 anos morreu também com sintomas semelhantes. O enterro da criança aconteceu nesta terça (24 de outubro), no cemitério Nossa Senhora das Mercês.
De acordo com o município, a maioria dos pacientes passou por avaliação médica, na rede pública ou privada, e o quadro de saúde deles é estável.