O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) defende o banimento do pagamento das tarifas com dinheiro na capital mineira. A medida, segundo o presidente da entidade, Raul Lycurgo Leite, visa dar mais eficiência aos embarques e fazer com que o motorista foque na condução dos coletivos. O Movimento Tarifa Zero afirma que isso poderá trazer um “problema extra” já que nem todos usuários têm acesso ao sistema eletrônico.

“Além da contratação de mais motoristas, também estamos trabalhando na otimização das atividades dos motoristas. Hoje, o passageiro já paga um sistema de bilhetagem extremamente eficiente”, afirma Leite destacando que o usuário conta também com o PIX para recarregar o vale-transporte. Até o então, só era possível realizar o pagamento por meio de boleto ou cartão de crédito.

A modernização no pagamento das tarifas nos coletivos precisa acontecer de forma rápida na visão do representante do sindicato das empresas. “Precisamos migra rapidamente para que 100% dos passageiros utilizem o sistema eletrônico banindo o dinheiro a bordo. Até por uma questão de segurança e sanitária”. Leite acredita que sem o dinheiro, os embarques serão mais rápidos e eficientes. “Motoristas poderão focar na sua função principal”. 

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A retirada da circulação do dinheiro nos ônibus de Belo Horizonte não é a solução, mas sim a criação de um novo problema, conforme analisa Juliana Afonso integrante do Movimento Tarifa Zero BH, que defende a realização de um estudo antes da implementação.

“Muitos usuários terão problema extra, pois onde vão conseguir ponto de recarga e venda de cartão? Falam que a bilhetagem 100% eletrônica será mais eficiente e que vai melhorar a vida do motorista, o que é importante. Mas esquecem que a vida dos condutores ficou difícil pois tiraram os agentes de bordo”, ressalta.

Juliana defende a atuação firme da prefeitura na exigência dos agentes de bordo, popularmente conhecidos como trocadores. “Eles não só pegam dinheiro, também assessoram os motoristas, ajudam as pessoas com deficiência, idosos, mulheres grávidas. Estão achando uma desculpa para continuar sem cumprir o contato, pois a retirada dos cobradores é totalmente ilegal”.

Fiscalização

O SetraBH chegou a ser questionado pela reportagem sobre os agentes de bordo, mas não recebeu retorno. Em Belo Horizonte, a lei 10.526 estabelece que cada veículo destinado aos serviços de transporte público coletivo e convencional de passageiros por ônibus será operado por um motorista e um agente de bordo. As únicas exceções são para:

  • veículos das linhas troncais do sistema de Bus Rapid Transit - BRT;
  • dos veículos em operação em horário noturno (20h30 às 5h59) e nos domingos e feriados;
  • e dos veículos dos serviços especiais caracterizados como executivos, turísticos ou miniônibus.

A prefeitura disse que, por meio da BHTrans, ações de fiscalização acontecem nas linhas do transporte coletivo. “As ações são realizadas nos pontos finais e nas estações, quando os agentes verificam a partida ou a chegada da viagem, e também durante o itinerário da linha. Nesses procedimentos é avaliada também a ausência de agente de bordo”, esclareceu.