Diante de mais de dez mil demissões só em Belo Horizonte nas últimas semanas, o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Sindhorb) pediu à prefeitura que permita o funcionamento parcial dos estabelecimentos na capital, com uso de pelo menos 50% da capacidade de atendimento presencial aos clientes. Desde 19 de março, os bares e restaurantes foram obrigados a fechar as portas devido à pandemia do coronavírus.
De acordo com o presidente da entidade, Paulo Cesar Pedrosa, o delivery representa menos de 30% do faturamento de antes das medidas de isolamento social e, por isso, não é suficiente para pagar despesas com fornecedores, aluguel e salário de funcionários. "Pedimos um pouco de bom senso para que as demissões não ocorram. Somos discriminados, já que as padarias, por exemplo, funcionam normalmente e vendem todo o tipo de comida e bebida. Pode entrar quem quiser", compara.
Caso a sugestão seja acatada pelo poder público municipal, o dirigente garante que todos os cuidados com a prevenção, como distribuição de álcool em gel e uso de máscaras e luvas pelo funcionários, serão tomados. "O empresário sabe e tem consciência. Não queremos trabalhadores doentes e afastados e vamos redobrar os cuidados. Se cabe 100 pessoas no estabelecimento, entrariam só 50", exemplifica.
Mais empregos em risco
O dirigente lembra ainda que o setor de bares e restaurantes era responsável por gerar mais de 40 mil empregos diretos só em Belo Horizonte e, por conta da crise gerada pelo coronavírus, a maioria está em risco. "Não sei se os estabelecimentos aguentariam até o final do mês de abril. Eu quero deixar bem claro que o setor não quer enfrentamento, mas diálogo com o prefeito. Estamos reinvindicando uma coisa simples", frisa.
Em Minas Gerais, a previsão do sindicato que é ocorra pelo menos 100 mil demissões nos setores da hotelaria e gastronomia. Na capital, que é polo do turismo de negócios, 60 hotéis já suspenderam as atividades em abril.
"A hotelaria acabou, não tem mais nenhum tipo de turismo. O Expominas agora é hospital de campanha e não sabemos quando isso tudo vai acabar. Quando muito, os hotéis estão com 15% de ocupação. Isso não paga nem 10% do custo para ficar aberto", finaliza.
Procurada, a Prefeitura de Belo Horizonte se limitou a dizer que "está analisando dia a dia as medidas de isolamento social" que levaram ao fechamento de todos os estabelecimentos comerciais não essenciais.