A expulsão de um aluno do curso de direito da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a suspensão de outros três estudantes por participação em trote racista, em março de 2013, deverão vir acompanhadas de atividades educativas com os universitários para que o problema não se repita. A opinião é do sociólogo da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) Moisés Augusto Gonçalves, que, mesmo considerando a medida acertada, afirma que ela poderia ter ocorrido antes.

A decisão foi tomada nessa terça pelo Conselho Universitário da UFMG, que optou pelo desligamento de Gabriel de Vasconcelos Spínola Batista por considerá-lo o mentor do trote. Foram suspensos por um semestre Giordano Caetano da Silva, Gabriel Augusto Moreira Martins e Gabriel Mendes Fajardo.

“A universidade é um lugar de respeito a diferenças, e o episódio foi inaceitável ética, moral, legal e academicamente. (A decisão do conselho) sinaliza para nossa sociedade que a UFMG não tolera a manifestação dessa ideologia de destruição e de humilhação, banalizada com brincadeiras por jovens que talvez desconheçam a história”, disse. “Mas é preciso que se estabeleça um diálogo para que o episódio não caia no esquecimento”, disse o sociólogo.

Vice-reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida afirmou, no entanto, que esse contato com os estudantes é um dos objetivos da instituição. “Estamos tentando mudar essa cultura do trote para que não tenhamos que passar por esse processo de novo. A punição é um atestado de que houve uma falha de educação desses alunos”.

Segundo ela, foram criadas comissões com a participação de professores e de alunos. Em até 60 dias, esses grupos deverão anunciar novas medidas de combate aos trotes. A assessoria de imprensa da UFMG ainda explicou que, durante a análise do conselho, três dos quatro alunos contrataram advogados para exercer o direito de defesa e, assim, tentar impedir a punição.

Sem resposta

Contato. Na tarde desta quarta, a reportagem de O TEMPO tentou localizar, por telefone, os estudantes punidos pela universidade. Nenhum deles nem os seus advogados foram encontrados.

Relembre
Redes sociais.
Fotos divulgadas na internet mostram universitários fazendo referência ao nazismo. Um calouro foi amarrado a uma pilastra, e uma estudante foi pintada de preto, acorrentada e obrigada a carregar um cartaz com os dizeres “Caloura Chica da Silva”.

Comissão. Em outubro, a faculdade instaurou comissão, dando aos alunos o direito de defesa. O Conselho Universitário acatou nessa terça recomendação da comissão – expulsou um dos alunos e suspendeu outros três por um semestre.