Sob os efeitos da pandemia, o momento é de retração. Mas, contra todas as estatísticas, o Super Notícia segue crescendo e mantém o posto de jornal impresso mais vendido do Brasil. Em julho, a média diária foi de 102.186 exemplares, 17,8% a mais em relação ao segundo colocado, que é “O Estado de S. Paulo”. Na comparação com junho, as vendas do Super cresceram 3,99%. O avanço acontece num momento em que o PIB do setor de informação e comunicação encolheu 1% no primeiro semestre, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na avaliação do diretor executivo da Sempre Editora, Heron Guimarães, se a comunicação está sentindo os reflexos negativos, a crise é ainda maior para o segmento impresso. “Além da Covid-19, estamos verificando uma acentuação na digitalização do consumo de notícias. Diante de tudo isso, o caminho é antecipar as mudanças e investir em outras plataformas. Mas ainda temos um público cativo em nossas plataformas impressas, e o meio papel continua sendo imbatível no quesito credibilidade”, afirma Guimarães.
Para o presidente executivo do Instituto Verificador de Comunicação (IVC), Pedro Silva, a manutenção da liderança do Super Notícia ganha ainda mais relevância no atual cenário, que vive uma queda de 25% na circulação geral de jornais impressos em todo o país. “Em julho do ano passado, a média diária era de 1,33 milhão de exemplares. Em julho deste ano, foram cerca de 990 mil. Essa queda já vinha sendo percebida ao longo dos anos e tem influência da pandemia, que provocou uma mudança de hábitos no consumidor, mas é bastante importante a permanência do Super na liderança”, avalia Silva.
A gerente de circulação da Sempre Editora, Isabel Santos, ressalta que a liderança ganha um significado ainda mais especial, uma vez que as medidas de isolamento reduziram o consumo em praticamente todos os setores. “Apesar da pandemia, as vendas aumentaram. Isso mostra que o Super é realmente o jornal mais querido dos mineiros. Uma prova disso é que, além de ser o mais lido do Brasil, ele tem mantido sua participação, na faixa de 10% de todo o mercado nacional”, destaca Isabel.
Para o coordenador do MBA em comunicação e marketing em mídias digitais da Estácio, Juliano Azevedo, a inovação no formato e no acesso à informação está por trás do sucesso do veículo. “O Super trouxe uma transformação muito grande no hábito de ler, não apenas pela linguagem popular, mas, principalmente, por apresentar o conteúdo num formato e preço mais acessíveis. Ele traz uma perspectiva capaz de se aproximar mais do público, por meio de um jornalismo popular, que faltava para o cidadão. Antes do Super, muita gente não lia jornal porque achava que informação era poder. Mas todos podem ter esse poder”, analisa Azevedo.
Força mineira
Segundo o IVC, que faz auditoria de 45 veículos em todo o país, só em Minas Gerais foram 151.099 exemplares lidos por dia, em julho. Desse total, 82,5% foram do Super e de O TEMPO. Juntas, essas duas publicações da Sempre Editora tiveram média de 124.788 exemplares por dia. “Estado de Minas” e “Aqui” representaram 8,7% do mercado mineiro.
Guimarães ressalta que, paradoxalmente, as marcas da Sempre Editora (que, além do Super e de O TEMPO, tem a rádio Super 91,7 FM) nunca alcançaram tanta gente como agora. “No ápice da pandemia, chegamos a ter mais de 29 milhões de usuários únicos em nosso portal, com mais de 90 milhões de page views. O grande desafio é monetizar todo esse engajamento e dar conta da responsabilidade que é mexer com tantas vidas e opiniões”, diz Guimarães.