O assistente de professor de educação física suspeito de abusar de ao menos duas crianças no Colégio Magnum prestou depoimento à Polícia Civil na manhã desta segunda-feira (14) e negou as acusações.

Durante quase duas horas, ele foi ouvido pela delegada responsável pelo inquérito, Thaís Degani, da Depca, Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente, no bairro Carlos Prates, região Noroeste de Belo Horizonte.

A delegada não quis comentar o caso, que tramita em segredo de Justiça, mas o suspeito conversou com a imprensa na saída da delegacia. Ele disse ter esclarecido para a delegada que o seu trabalho no colégio era como assistente do professor de educação física e que fazia tudo que ele pedia. Disse, também, que jamais ficou sozinho com crianças no banheiro, "em momento algum", segundo ele.

Ainda de acordo com o suspeito, o Brasil é um país de desigualdade social e que ele pode estar sendo vítima de uma discriminação. O jovem também afirmou que nunca teve qualquer problema com pais de estudantes e que não conhece a mãe de um aluno de 3 anos de idade que fez a primeira denúncia contra ele.

Vida paralisada

O suspeito reclamou que a vida dele está paralisada depois da acusação feita contra ele, e disse que não consegue fazer nada, nem dormir e nem comer direito.

Também contou que mora com duas crianças dentro de casa, filhos da irmã dele, e que ficou assustado com o que pode ter levado uma pessoa a fazer isso (a denúncia) com ele.

Mesmo se for inocentado, ele acredita que vai carregar esse trauma pelo resto da vida e se emocionou ao falar da homenagem que outros pais do colégio fizeram em sua defesa. O suspeito repetiu o tempo todo que é inocente.

A defesa

O advogado dele, Fabiano Lopes, disse que o cliente esclareceu dúvidas para a delegada. Segundo o defensor, seria impossível o crime ter acontecido pela segurança que o colégio tem. Ele contou que as imagens do sistema de monitoramento do Magnum foram conferidas e que não há nenhuma prova que justifique a suspeita contra o cliente dele.

O advogado até citou estudos de Freud que falam de falsas memórias, ou memórias ilusórias, que abrangem eventos que nunca foram efetivamente vivenciados pela pessoas.

Segundo ele, um pai pode chegar para uma criança e perguntar se ele fez alguma coisa, e mesmo a criança dizendo que não, ela pode mudar a resposta se o responsável insistir. 

Oitivas

O suspeito foi a quadragésima primeira pessoa a ser ouvida pela delegada Thaís Degani. A Polícia Civil não informou quantas denúncias pesam contra ele, mas nesta segunda, de acordo com o próprio suspeito, ele prestou esclarecimentos sobre a primeira denúncia, feita pela mãe de um garoto de 3 anos.

De acordo com o advogado, o inquérito já foi concluído e falta agora ser feito o relatório final, que será encaminhado à Justiça.

O defensor acredita que depois da primeira denúncia contra o seu cliente, outros relatos de abusos aconteceram por indução dos pais.
"O que seria muito normal, um pai, após saber que aconteceu um abuso dentro da escola onde o filho estuda, questionar os filhos se eles tiveram, ou não, contatos com aquela pessoa", disse Fabiano Lopes.

"E na insistência de um pai de dizer para o filho: 'Aconteceu?', o filho diz não, não, não, diz não até dizer o sim de forma indutiva. E isso são as falsas memórias", reforçou.