O registro de mortes por Covid-19 está aumentando de forma acelerada até este momento em dez das 14 regiões de saúde de Minas Gerais. É o que revela o “Termômetro da Covid”, uma nova ferramenta lançada pelo portal O TEMPO nesta quarta-feira (12), quando o Estado voltou a apresentar mais um recorde de óbitos registrados em 24 horas.
Nos últimos sete dias, foram confirmadas em média 84 novas mortes diárias em Minas Gerais provocadas pelo Coronavírus. Isso representa um aumento de 33% em relação a duas semanas atrás. Já o número de novos casos confirmados encontra-se em um patamar estável, com um crescimento de 1% no período (leia os detalhes sobre a metodologia abaixo).
A análise detalhada mostra que a média diária de mortes mais do que duplicou em seis regiões do Estado nos últimos 14 dias: Leste, Sudeste, Noroeste, Jequitinhonha, Triângulo Norte e Norte. Além destas, também houve aumento nas regiões Centro, Centro Sul, Nordeste e Vale do Aço.
O crescimento chegou a 280% no Leste de Minas, ou seja, um aumento de quase quatro vezes em duas semanas. No período, a média diária pulou de menos de três (2,6) para quase dez (9,9) óbitos diários em Governador Valadares e cidades vizinhas.
Em termos absolutos, o maior aumento foi registrado na região Central do Estado, onde a média de óbitos saltou de 26 para 51 por dia (98,9%). Vale destacar que os números representam as mortes segundo a data de confirmação e, não, de ocorrência.
Em Belo Horizonte, a situação atual também é de alta. Com as 52 novas mortes confirmadas nesta quarta-feira, a capital mineira acumula uma média de 24,3 óbitos por dia, ou o dobro em relação a duas semanas atrás (12).
Quando analisados os números de novos casos confirmados, observa-se uma tendência momentânea de queda nas regiões Nordeste e Vale do Aço.
Atraso nas notificações de Covid-19
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (12), o secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, alegou que os números se estabilizaram no mês julho em Minas Gerais, se considerada a data de ocorrência das mortes.
A Secretaria de Saúde, no entanto, interrompeu a divulgação de dados detalhados sobre os óbitos por Covid-19 em Minas Gerais em 1º de agosto, quando havia ainda 2.894 mortes confirmadas no Estado. De lá para cá, já foram registradas outras 889 vítimas da doença. Desta forma, há uma lacuna de informações sobre quase um quarto do total atual (23,4%).
“Há uma tendência de queda. Mas é importante lembrar que Minas é um Estado muito grande. Podemos ter regiões com queda um pouco maior, outras regiões com estabilidade, mas o que nós vemos de forma global no Estado é que há tendência à estabilidade, talvez com viés de queda”, afirmou o secretário.
A reportagem de O TEMPO questionou a SES sobre a suspensão da publicação dos dados detalhados, mas não recebeu resposta até este momento.
Metodologia
O gráfico interativo apresenta a evolução da média de mortes acumuladas nos últimos sete dias e tem como parâmetro de comparação os dados registrados há duas semanas.
Se a média de hoje superar em mais de 15% o valor de duas semanas atrás, então a situação observada é de crescimento. No outro oposto, uma redução superior a 15% representa desaceleração. Se a variação for de até 15% para mais ou para menos, considera-se que a média se encontra em um nível de estabilidade.
O uso da média de sete dias se justifica pela grande oscilação nas notificações entre os diferentes dias da semana. Ela fica muito clara quando se observa a queda comum durante fins de semana e feriados, por exemplo. Assim, o uso da média móvel ajuda a “dissolver” essas diferenças e a mostrar tendências mais consistentes ao longo do período analisado.
Já a janela de duas semanas para comparação se explica pela demora no processamento de exames e confirmação das mortes pela ação do vírus, bem como os atrasos na consolidação dos dados nos sistemas oficiais utilizados pela Secretaria e pelo Ministério da Saúde.
Esta é a mesma metodologia utilizada, por exemplo, pelo jornal The New York Times.
O gráfico é baseado nos boletins epidemiológicos da Secretaria de Estado de Saúde, cujos dados referem-se ao município de residência dos pacientes. Isso explica eventuais números negativos, uma vez que os casos podem ser revisados ou "transferidos" de cidade.