Último dia do inverno

Termômetros batem 36,4º e BH tem novo recorde de calor

Entretanto, a previsão é de chuvas isoladas a partir de quarta (22), quando tem início a primavera

Por José Vítor Camilo e Aline Peres
Publicado em 21 de setembro de 2021 | 18:53
 
 
 
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Belo Horizonte voltou a registrar sua maior temperatura do ano nesta terça-feira (21), que foi o último dia do inverno de 2021. Os termômetros registraram 36,4º na região da Pampulha, de acordo com o meteorologista Ruibran dos Reis.

O último recorde de temperatura na capital mineira tinha sido registrado no último dia 15 de setembro, quando foram marcados 36,1º. 

Apesar disso, a expectativa é de temperaturas levemente mais amenas a partir desta quarta (22), com o início da primavera. "A previsão é de pancadas isoladas de chuva, bastante típicas desta época do ano, que ocorrem entre o fim de tarde e início da noite. Estas chuvas deverão vir acompanhadas de raios e rajadas de vento, podendo ocorrer, inclusive, granizo", desta Reis. 

Tempo seco

Ainda de acordo com o meteorologista, a umidade relativa do ar segue baixa, atingindo uma média de 20% ao longo desta terça.  

Mais cedo, a Defesa Civil de Belo Horizonte emitiu um alerta de baixa umidade, alertando a população sobre a importância de se manter a atenção e hidratação. 

Confira abaixo algumas recomendações do órgão: 

- Hidrate-se durante o dia;

- Prefira alimentos leves e frescos, como saladas, frutas, carnes grelhadas;

- Evite frituras;

- Durma em local arejado e umedecido por aparelhos umidificadores, ou ainda coloque uma bacia com água;

- Evite atividades físicas ao ar livre e exposição ao sol entre as 10 e 17 horas;

- Evite banhos com água quente, para não potencializar o ressecamento da pele, se necessário use hidratante;

- Em caso de problemas respiratórios procure um especialista;

- Em caso de incêndio em mata ou floresta, avise imediatamente, ao Corpo de Bombeiros (193), Defesa Civil (199) ou Polícia Militar (190).

Céu cinza

Há algum tempo os belo-horizontinos convivem com um céu acinzentado, consequência da ausência de chuvas e do grande número de incêndios registrados na Região Metropolitana da capital. 

Conforme Ruibran dos Reis, a mudança no visual ocorre devido ao fenômeno chamado de inversão térmica, comum nos dias de outono e inverno. 

"Devido à ausência de nebulosidade na parte da noite, e o grande número de queimadas ao longo do dia, cria-se uma bolha de calor que sobe e fica retida entre 500 e 600 metros de altura. Forma-se então uma diferença de densidade de ar entre as duas camadas, o que faz com que essa poluição fique presa próximo da superfície", explica. 

Neste mês de setembro, em que Minas Gerais registrou o seu maior número de incêndios dos últimos 10 anos, outro problema que vem incomodando a população da Grande BH é a aparição de fuligens nos quintais de suas casas. 

A bancária Fernanda Moreira Badaró, de 33 anos, mora na cobertura de um prédio no bairro Santa Branca, região de Venda Nova, e diz que desde a última sexta-feira (10) tem tido problemas com a sujeira causada pela fuligem diariamente.  A moradora afirma também que a limpeza da casa tem que acontecer com mais frequência por causa dos ciscos.

"Eu reparei que está muito, muito sujo mesmo. Trabalho o dia inteiro e quando chego em casa vejo a área externa toda suja. Nem sei de onde está vindo toda essa sujeira. Outro dia eu paguei uma pessoa para limpar minha casa e lavar as roupas, só que por causa da fumaça e da fuligem tudo ficou sujo.  Sem contar isso, as roupas ficam manchadas e com cheiro de fumaça", relata a bancária.

Para a atendente Viviana Mara de Araújo Pedrosa, de 49 anos, moradora do bairro Ribeiro de Abreu, na região Nordeste da capital, o problema com as fuligens são recorrentes há muitos anos onde ela mora, no entanto, desde o último domingo (12), ele se intensificou.

“Minha casa fica ao lado da mata do Izidora e com o incêndio que está acontecendo lá (na mata) está tendo muita fuligem. Se eu ficar com a casa aberta, a sujeira entra na casa toda, inclusive nos quartos. Por causa disso, todo o dia estou precisando lavar a varanda, sem contar que minha garganta fica bem ruim”, desabafa.

Viviane faz parte do movimento Parque Izidora, que reúne ambientalistas e moradores locais. Ela relata que um dos motivos de sua entrada neste grupo foi para tentar conter tantos danos com as queimadas. “Aqui, a vida inteira eles colocam fogo e a fuligem vem para as casas. Eu sofro há muito tempo e isso me incomoda, mas eu combato esse problema participando de desse movimento ambiental que também luta contra as queimadas”, explica.

Mais gasto com água

O esforço da aposentada Nidalva Alves de Almeida, de 66 anos em economizar água se transformou em frustração desde o domingo, quando a casa onde ela mora, no bairro São João Batista, região Norte da capital, passou a ser tomada pela fuligem. “Eles pedem para economizar água, mas do jeito que está eu preciso lavar a casa todos os dias, acabo é gastando mais. Aqui tem ficado tudo sujo. Em cima da minha máquina de lavar mesmo está tudo tomado pela fuligem. Não lembro de ter visto tantos desses ciscos em outros anos”, relata.

Para além da sujeira, a aposentada Nidalva destaca que a saúde da família também está ficando comprometida em consequência dessa fuligem oriunda das queimadas. “Tem horas que fica difícil respirar e na minha família muitas pessoas tiveram reação alérgica. Meu neto de 1 ano mesmo voltou do hospital hoje. Ele adoeceu por causa da fumaça e desse pó preto. Aqui no bairro muita gente tem reclamado”, conta.

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