Integrantes dos comitês de Bacias Hidrográficas apontaram o desaparecimento de dois córregos que passam por Brumadinho após o rompimento da barragem. Segundo o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e integrante do projeto Manuelzão, Marcus Vinícius Polignano, os córregos do Feijão e Ferro do Carvão foram 'tirados do mapa'.

"Foram absolutamente destruídos e houve comprometimento do Paraopeba", disse o professor em entrevista coletiva. Segundo ele, a pluma, formada pela mistura de água e rejeitos, passou do limite de Igarapé e está chegando a Pará de Minas, onde a mineradora Vale se comprometeu a instalar uma membrana de contenção para minimizar os efeitos.

Embora o boletim do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia, tenha previsto que a pluma não alcance a Usina de Três Marias e o Rio São Francisco, o professor ainda demonstra apreensão.

A previsão é de que se desloque até a Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, em Felixlândia, em 4 ou 5 dias. "A esperança é que se detenha ali e não chegue a Três Marias", disse.

O Rio Paraopeba encontra o Rio São Francisco justamente na represa de Três Marias, onde fica a hidrelétrica administrada pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).

Segundo ele, a lama tem uma solubilidade menor do que a da tragédia de Mariana, há três anos, e, por isso, não tem a mesma intensidade de propagação.

Belo Horizonte

Segundo ele, o ponto de captação de Belo Horizonte no rio Paraopeba foi, sim, comprometido, mas o abastecimento de água não foi prejudicado porque a Copasa tem outros pontos de captação.

'Não temos só a Vale'

Após o comunicado da Vale de que todas as suas barragens de montante serão desativadas, o professor demonstrou preocupação com outras barragens, de outras companhias. "Não temos só a Vale. Qual vai ser a atitude do Estado? O que vai acontecer com outras barragens?", questionou.