Duas pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas " três delas em estado grave " na Vila Pérola, no Ressaca, em Contagem, entre a noite de quarta-feira e a manhã de ontem.

Os moradores da região reclamaram que os tiros foram disparados por policiais militares que, segundo eles, agiram de foram truculenta para vingar a morte do cabo Charles, assassinado no local no início da semana.

Na manhã de ontem, um rapaz identificado pelos moradores como Wallace Júnior, conhecido como Mancha e Queimadinho, foi morto na região. Mancha, segundo a PM, era um dos suspeitos de matar o cabo.

Na noite de anteontem, vários disparos atingiram Welbert de Jesus Soares, 18. Ele morreu em frente ao bar de Paulo Sérgio Soares, 37, tio dele. Paulo Sérgio foi baleado com seis tiros na perna e estava, ontem, internado no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII (HPS).

Durante o tiroteio, Nilza Couto Aquino, 44, foi atingida na cabeça e estava em coma na mesma instituição. Rafael Lira da Silva, 18, e Ronaldo Fernandes Pimenta, 20, estavam em estado grave, mas com quadros estáveis em Contagem.

Edvânia Soares Freitas, 37, levou dois disparos na perna e retornou ontem mesmo para casa. Ainda com a roupa suja de sangue, Joana Rosa Soares, 67, tentava se recompor da tragédia em família.

Três parentes dela foram baleados. Welbert era neto de Joana. "Em menos de 20 minutos após ter saído para a rua, ele foi assassinado. Era um menino bom e estava para se formar", disse.

O adolescente será enterrado hoje no cemitério da Paz, na capital. "Saí de casa para ver o que estava acontecendo e vi meu neto no chão. Ele morreu nos meus braços."

Versões
As versões dos moradores do aglomerado e da PM para os dois assassinatos são contraditórias. "Desde o dia da morte do cabo Charles no bairro Novo Progresso não tivemos mais sossego. Por volta das 21h de quarta, 15 homens chegaramatirando para todo lado", disse a filha de uma das vítimas, de 20 anos, que pediu para não ser identificada temendo represálias.

Segundo ela, todos estavam encapuzados e foi possível identificar que eram policiais pelos coturnos, coletes à prova de bala e calças típicas da farda.

A jovem explicou que o militar assassinado estava à paisana no Novo Progresso quando dois menores atiraram após praticar um assalto a uma drogaria. A dupla teria reconhecido Charles em patrulhamentos na favela.

O comandante de policiamento no aglomerado do Ressaca (18º Batalhão), tenente Watson Corrêa, negou que as mortes tenham sido provocadas por militares.

"Realmente houve a morte de um colega nosso e intensificamos as incursões no local para encontrar os dois suspeitos. Mas nossas ações são planejadas e ordenadas e trabalhamos com o rosto descoberto", disse.

Ele ressaltou que o ponto é famoso por tráfico de drogas e existe uma intensa disputa com outras regiões para que a boca seja tomada. Provavelmente, disse, essa teria sido a intenção dos criminosos.

Moradores fazem manifestação

No início da tarde de ontem, os moradores do bairro Novo Progresso fizeram um protesto para clamar por Justiça e mais segurança. Até o Batalhão de Choque esteve na vila durante o ato, que transcorreu de maneira pacífica mesmo com o clima de tensão.

"Esses mesmos policiais que atiraram na gente prometeram voltar no final de semana para matar mais. A PM passa por aqui cantando os pneus das viaturas e fazendo chacota", disse um homem que reside no aglomerado e pediu para não ser identificado.

Um garoto do beco Lindéia recolheu 27 cápsulas que, de acordo com ele, foram disparadas na noite de anteontem. Enquanto eles planejavam o protesto, Wallace Júnior (o Mancha ou Queimadinho, como era conhecido) foi morto na região.

Segundo a PM, ele era um dos suspeitos de atirar e matar um militar no começo da semana. O comandante de policiamento do aglomerado, tenente Watson Corrêa, disse que a população pode protocolar uma queixa na corregedoria da corporação, caso acredite que houve excesso.

A assessoria de imprensa da PM endossou a fala do tenente Corrêa enfatizando que não há esse tipo de prática excessiva entre os membros da corporação.

Trio é preso após atirar em PMs em Sete Lagoas

Três homens foram presos na noite de anteontem, em Sete Lagoas, região Central do Estado, após efetuarem disparos contra uma viatura da Polícia Militar.

De acordo com o 25º Batalhão de Polícia Militar, o grupo estava na rua Antônio de Castro Sá, no bairro Del Rey, quando recebeu os militares à bala depois de perceber que seria abordado pelo patrulhamento ostensivo.

Três policiais estavam na viatura e houve revide, mas, segundo a PM, com balas de borracha. O trio decidiu se entregar após uma tentativa de fuga frustrada.

Amauri de Souza Rocha, 19, Elias Alves Nunes, 19, e Bruno Eduardo de Souza, 20, o Quequeu, foram autuados em flagrante por tentativa de homicídio. Este último, segundo os militares, é conhecido por praticar vários assaltos. Um revólver calibre 38 foi apreendido com o trio além de um cartucho deflagrado.