Moradores do Morro das Pedras, na região Oeste de Belo Horizonte, viveram momentos de tensão na madrugada desta sexta-feira (5). O local foi palco de um tiroteio entre gangues rivais.
Segundo moradores, a troca de tiros marca a guerra iniciada entre facções criminosas após a prisão do líder do tráfico no morro, conhecido como Tintim. O traficante e a mulher dele foram presos nessa quinta (4) pela Polícia Civil.
Sem Tintim no comando, o grupo rival teria tentado tomar o controle na região. Assustadas, testemunhas pouco falaram. "O morro rachou no meio depois que ele (Tintim) caiu, mas falar eu não vou. Não quero acordar com a boca cheia de formiga", revelou o servente de pedreiro de 40 anos, que preferiu não se identificar.
Duas aposentadas que vivem no bairro há mais de 20 anos disseram ter sido surpreendidas pelos tiros. "Tinha um tempo que não acontecia isso. Não uma coisa desse tamanho. Estava dormindo na hora. A gente fica com muito medo", comentou uma das idosas.
A ousadia dos criminosos chamou a atenção dos moradores. "Os caras trocaram tiro ali na praça. Não dá 100 metros da companhia aqui da Polícia (Militar). Foram mais de uns cem tiros", afirmou um homem sem dar mais detalhes.
Policiais da 125° Companhia afirmaram que a atuação da PM contou com apoio de homens da equipe de Rondas Táticas Metropolitanas (ROTAM), do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) e do helicóptero Pégasus. Não houve registro de feridos e, até o momento, nenhum responsável foi preso.
Prisão de Tintim não seria motivo, diz policial militar
Segundo o comandante do Gepar da 125º companhia do 22º Batalhão da PM, tenente Flávio Caetano, a prisão de Tintim não teria sido a causa para a troca de tiros. "Na verdade o local em que os fatos ocorreram é oposto do lugar que o Tintim atuava", comentou.
O oficial explicou que, há três meses, traficantes de uma gangue da região conhecida como Cascalho tentam tomar o controle de uma área vizinha, comandada pela gangue da Biquinha. A ordem para assumir o controle teria partido de um traficante que cumpre pena no sistema prisional. "As orientações podem vir até mesmo por alguém que o visite na cadeia", apontou Caetano.
Em reposta ao tiroteio, 30 homens do Grupo Especializado de Policiamento em Áreas de Risco (GEPAR) e do Tático Móvel ocuparão partes do morro. "O intuito é coibir o tráfico de drogas e combater homicídios", afirmou o oficial.
A operação não tem prazo para ser encerrada. A Polícia Civil informou que a prisão de Tintim, que teria desencadeado o tiroteio na região, "está em diligência". Segundo a corporação, "novas informações serão repassadas posteriormente".