Cerca de 1.000 pessoas participaram de uma manifestação na manhã deste domingo (8) em Belo Horizonte. O ato autoproclamado antifascista e antirracista teve a participação de torcidas e coletivos de Cruzeiro, Atlético, América e Corinthians, e muitas pessoas usavam camisas desses e outros times de futebol. A articulação aconteceu durante a semana e pediu o uso obrigatório de máscaras.
No fim da manhã, as pessoas se reuniram na Praça da Bandeira, na região Sul de BH, e seguiram trajeto pela Avenida Afonso Pena e pela Rua Espírito Santo, até chegar à Praça Sete, no Centro da Capital, onde o ato teve seu desfecho. A Polícia Militar acompanhou todo o percurso e nenhum tumulto foi registrado. Em todo o trajeto, gritos de "Fora Bolsonaro" e "Racistas, fascistas não passarão" foram ouvidos a todo momento. Ao fim do protesto, o Hino Nacional foi entoado pelos participantes da marcha.
Torcedores do Atlético e Cruzeiro se unem em manifestação contra o fascismo e o racismo neste domingo (7), em Belo Horizonte
— O Tempo (@otempo) June 7, 2020
Protesto ocorre agora na Avenida Afonso Pena e seguirá até a Praça Sete, no Centro da capital mineira pic.twitter.com/AbhgymFG2J
Em frente ao Memorial Direitos Humanos - Casa da Liberdade, na Avenida Afonso Pena, onde funcionou o DOPS no período da ditadura, os manifestantes pararam e homenagearam os mortos, desaparecidos e torturados pelo regime militar. "Nem um passo atrás, ditadura nunca mais", eles cantaram. Cartazes com a frase "Vidas negras importam" também foram empunhados pelos manifestantes.
Integrante da Resistência Alvinegra, torcida antifascista do Atlético, Ana L. diz que é importante destacar que as torcidas superaram as rivalidades para estar juntas pelo povo. "Essa é uma conquista muito importante", diz. Segundo Ana, não há previsão de outros serem organizados.
O rapper Djonga também se somou ao ato deste domingo. "Estamos em um momento muito complexo. Diante disso, espera-se um posicionamento das ruas, cobrando uma postura real e firme do governo, mas não estamos vendo isso", afirma o músico.
Lembrando os recentes assassinatos de George Floyd, nos Estados Unidos, e do garoto João Pedro, no Rio de Janeiro, ambos cometidos por policiais, Djonga disse que a pauta antirracista é necessária e deve ser debatida: "Matar preto e pobre é uma política de Estado, sabemos quem eesse governo há muito tempo. É importante marcar posição".
No entorno do pirulito da Praça 7, os manifestantes deitaram no asfalto e, com as mãos para trás, como se estivessem sendo imobilizados, gritaram "Não consigo respirar!", frase dita por George Floyd e repetida em protestos por todo o mundo.
Já no fim do ato, um tumulto começou a se formar, e o clima ficou tenso. Manifestantes suspeitaram que havia um infiltrado, os ânimos ficaram levemente exaltados, mas não houve nenhum confronto e tudo voltou ao normal.