Nova Lima

Trilhas se tornam patrimônio

Decreto municipal tombou 300 km de rotas usadas para caminhadas e passeios de bicicleta

Por jhonny cazetta
Publicado em 08 de março de 2016 | 03:00
 
 
 
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“Se Minas não tem mar, então vamos para as trilhas caminhar e pedalar”. A frase, adaptada do famoso ditado sobre bares da capital, tem sido lema de um grupo de pessoas que encontra na caminhada e na bicicleta uma maneira saudável de viver. E, no dia 19 deste mês, essa turma usará o mesmo tema para comemorar o tombamento de 300 km de trilhas espalhadas por espaços verdes de Nova Lima, na região metropolitana. O lançamento oficial do Projeto Trilhas ocorre em evento promovido pela prefeitura.

O tombamento surgiu de pedidos de associações e dos próprios frequentadores das áreas. O objetivo é que a iniciativa também propicie a preservação de serras e bens naturais. “O decreto significa uma conquista para as gerações do presente e do futuro, que poderão usufruir com qualidade dos diversos recursos naturais que nossa cidade oferece. É um meio que, ao mesmo tempo, demarca essas áreas e preserva a natureza”, disse o prefeito de Nova Lima, Cassinho Magnani (PMDB).

No papel, o Decreto 6.773 prevê a preservação, a organização e o fomento dos mais diversos usos das trilhas, tradicionais no município. Ele inclui identificação, mapeamento, manutenção e sinalização das estradas. A previsão da prefeitura é que a fiscalização e a manutenção das áreas, além de ser feita por órgãos do Executivo, envolva também os próprios ciclistas e conte com o apoio da iniciativa privada em forma de patrocínio e de eventos ou publicidade.

Ao todo, trilhas de oito diferentes áreas da cidade serão atingidas pelo decreto: Jambreiro, Miguelão, Honório Bicalho, Alphaville, Perdidas, serra da Calçada, Macacos e Rola Moça. “A vegetação é, em sua maioria, formada pelo cerrado. São regiões de uma beleza única, com muitas montanhas, paisagens magníficas e ainda desconhecidas por muita gente”, contou Christian Wagner, da associação Arca Amasserra, que levou o projeto ao Executivo juntamente com a Associação dos Condomínios Horizontais.

Históricas. O tombamento das estradas, de acordo com as associações, também irá preservar rotas históricas, que eram utilizadas por escravos na época do Império. “Elas, de certa forma, já fazem parte da história de Minas, da nossa história. Principalmente no caso das trilhas localizadas na serra da Calçada e em Macacos. Então, tombando, além de preservamos a natureza, estaremos cuidando de algo histórico”, disse Wagner.

O tombamento foi feito de forma temporária. A expectativa é que a proteção definitiva seja concretizada após análise de todos os órgãos ambientais envolvidos – ainda não há prazo para isso.

Lançamento

Evento
. O decreto de tombamento será lançado no dia 19 de março, às 9h, no bairro Honório Bicalho. O evento contará com a presença de ciclistas, ambientalistas e representantes da prefeitura.

Saiba mais

Abrangência.
 Miguelão, Jambreiro, Macacos, Honório Bicalho, Alphaville, Perdidas, serra da Calçada e Rola Moça.

Ambiente. São áreas de transição entre cerrado e Mata Atlântica. Nas trilhas, há grandes matas fechadas e montanhas com formatos únicos. São diversas as espécies de árvores e plantas, como pau-brasil, copaíba, samambaiuçu e angico-rosa-bicuíba. Há nascentes e cachoeiras
em algumas áreas.

Fauna. Nas áreas vivem várias espécies de animais, incluindo lobos e até mesmo onças-pardas, que dificilmente são vistas. A diversidade de pássaros também é grande,
como espécies de tangará-dançarino, bonito-do-campo e saíra-azul.

Ação prevê pontos de apoio para visitantes

A expectativa da Prefeitura de Nova Lima é incentivar o turismo nas áreas de abrangência do decreto. Para isso, além da sinalização das trilhas, existe a previsão de criar pontos de apoio aos ciclistas e aos caminhantes.

“É uma ideia que estamos pensando em conjunto, mas temos que buscar também parcerias para criar isso. O importante, primeiro, foi garantir que essas trilhas não fossem destruídas. Que não se percam no avanço de grandes empresas. E isso nós garantimos com esse tombamento. Agora, é pensar nos próximos passos”, avaliou Christian Wagner, membro da associação Arca Amasserra.

De acordo com Wagner, o fluxo de ciclistas já vem aumentando no últimos anos. “É nítido isso. E agora, com o decreto, acreditamos que essas áreas possam ficar conhecidas e que mais pessoas possam desfrutar das belezas naturais de nossa região. Quem vier vai se impressionar”.

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