A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) recebeu mais de mil inscrições de voluntários para os ensaios clínicos da primeira vacina contra a Covid-19 totalmente produzida no Brasil. A primeira dose do imunizante foi aplicada em humanos hoje (25), em solenidade realizada na Faculdade de Medicina da UFMG. A SpiN-Tec MCTI UFMG foi desenvolvida com tecnologia e insumos totalmente nacionais e financiada por instituições brasileiras.
De acordo com a UFMG, o cadastro para as pessoas que desejam participar, como voluntárias, das fases 1 e 2 dos testes clínicos, foi aberto no dia 17 de novembro. Em menos de dez dias, mais de mil pessoas já haviam inscritos para a triagem. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia autorizado a realização dos testes clínicos em outubro.
Para o Ministro de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Paulo Alvim, o início da aplicação do imunizante em humanos e o número expressivo de voluntários revelam que o Brasil caminha para uma soberania nacional, já que países que desenvolvem seus próprios imunizantes conseguem proteger sua população e exportar vacinas e insumos necessários à sua fabricação.
“Esse é mais um passo relevante do Brasil na direção de ter uma cadeia nacional de produção de imunobiológicos. O Ministério da Ciência e Tecnologia atua como fomentador desse desenvolvimento para que o resultado final dessas pesquisas possa ser revertido em autonomia nacional para a produção própria e atende às necessidades do sistema nacional de saúde”, afirma o ministro Paulo Alvim.
A SpiN-Tec MCTI UFMG contou com investimentos de cerca de R$16 milhões do MCTI, por meio da RedeVírus, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para as etapas de ensaios pré-clínicos e clínicos de fase 1 e 2. O projeto também recebeu recursos de outras instituições.
Os testes clínicos serão realizados em três fases. As duas primeiras fases ocorrerão em Belo Horizonte: a primeira com 72 voluntários e a segunda com 360. Os testes serão realizados no modelo chamado de duplo-cego: parte dos voluntários integra um grupo controle, que receberá a vacina da AstraZeneca.
Durante o estudo, cada participante ficará em acompanhamento por um ano. Após a conclusão das fases 1 e 2, o grupo que desenvolve a SpiN-Tec MCTI UFMG enviará os relatórios do estudo para a Anvisa e solicitará autorização para a terceira e última etapa dos testes, que reunirá de quatro a cinco mil voluntários de várias partes do Brasil.
Até o início dos ensaios clínicos, a vacina passou por várias e criteriosas fases.Os testes pré-clínicos, realizados em laboratório e em animais, confirmaram a eficácia e a segurança do imunizante. Os resultados foram divulgados em agosto deste ano.