Uma reunião entre o Ministério Público Federal (MPF), os índios Pataxós e a Vale definiu uma série de medidas emergências que a empresa deve tomar para minimizar os danos a aldeia Naô Xohã, da etnia Pataxó, atingida pelo rompimento da barragem Córrego do Feijão. A aldeia fica em São Joaquim de Bicas que teve o rio Paraopeba atingido pela lama tóxica.
A reunião foi realizada nesta sexta-feira (15) e a Vale se comprometeu a verificar com os próprios Pataxós qual o tipo de alimentação deverá ser fornecida, em quantidade suficiente e culturalmente adequada.
Também será fornecida água mineral e providenciada a retirada das embalagens dispensadas. Os indígenas se ressentem da poluição e da falta de destinação adequada das embalagens, que vão se acumulando na aldeia.
Com relação às hortas e demais plantações dos Pataxós perdidas em decorrência da falta de água, a mineradora se comprometeu a fornecer os insumos e recursos necessários.
Devido ao mau cheiro na região, a Vale se comprometeu a aumentar a frequência do recolhimento de animais mortos e, com relação ao fornecimento de energia elétrica, a avaliar uma solução para o problema. Também será enviada uma equipe para prevenção de zoonoses e proliferação de vetores transmissores de doenças.
"As medidas emergenciais definidas pelos representantes dos pataxó serão tratadas em termo de acordo preliminar a ser negociado ao lado do povo indígena, tendo sido, nesta primeira reunião para tratar desse tema específico, estabelecidos tão somente compromissos mínimos e iniciais", explica o procurador Edmundo Dias.
Durante a reunião, os Pataxós relataram diversos danos ocasionados pelo rompimento da barragem, que vão desde a impossibilidade de utilizar a água do rio para atividades cotidianas como banho, lazer e alimentação, já que não podem mais pescar no rio.
Relataram também danos culturais e que, devido à morte do rio Paraopeba, onde realizavam rituais, tiveram que cancelar a Festa da Água, que estava prevista para acontecer em abril. Também apresentaram demandas relacionadas a saúde, proliferação de vetores transmissores de doenças, morte de animais, dificuldade de transporte devido à condição das estradas na região, entre outras.