Três famílias residentes do distrito de São Sebastião das Águas Claras – conhecida como Macacos – na região metropolitana de Belo Horizonte, foram retiradas de suas casas na tarde deste sábado (25), após uma reavaliação da Zona de Autossalvamento das barragens B3/B4, localizadas na Mina Mar Azul, em Nova Lima.
A informação foi confirmada pela Defesa Civil Estadual e de acordo com a mineradora Vale, proprietária da mina, o trabalho está em andamento e até cinco famílias devem sair do local. Na prática, houve uma nova delimitação da mancha de inundação das barragens, caso elas venham a se romper. Moradores do distrito reclamam da falta de informação e dizem que a empresa não informou a comunidade sobre a ação por meio de nota publicado neste sábado.
De acordo com a Defesa Civil do Estado, apesar da remoção estar acontecendo, não quer dizer que há elevação no risco de ruptura da estrutura das barragens – atualmente em nível 3 de risco –, mas trata-se de uma medida de prevenção. "Existe um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre a Vale e o Ministério Público que prevê a revisão da mancha de inundação. O novo estudo apontou um aumento da mancha e incluiu de três a cinco casas possíveis na mancha. Até o momento três famílias foram removidas, totalizando sete pessoas", explicou o coronel Godinho da Defesa Civil do Estado.
Ainda de acordo com a Defesa Civil, seis pessoas foram levadas para hotéis em Belo Horizonte e um senhor preferiu ser acomodado em uma pousada em Macacos, em uma parte segura do distrito.
Em nota, a Vale informou que a evacuação segue uma orientação da Defesa Civil do Estado e do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), já que houve um aumento nos limites da mancha de inundação. “O aumento dos limites da mancha de inundação é resultado do processo de atualização de manchas de dam break da Vale, conforme Termo de Compromisso firmado entre o Estado de Minas Gerais, o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Vale. A revisão está sendo realizada a partir da nova metodologia desenvolvida com base neste Termo de Compromisso”.
A empresa também informou que em breve, as famílias removidas serão transferidas para casas temporárias custeadas pela mineradora. “Seus animais também estão sendo resgatados e acolhidos na fazenda administrada pela companhia na região. A operação cumpre todos protocolos de saúde e segurança recomendados diante do quadro de pandemia da Covid-19”.
Falta informação
De acordo com a professora Fernanda Tuna, 37, moradora do distrito de Macacos, a notícia sobre a remoção de famílias gerou angustia no nos moradores do pequeno distrito neste sábado. “A comunidade está angustiada, porque a Vale mandou nota sobre a remoção e não comunicou ninguém. Não sabemos quem está sendo removido”, disse. Ela reclama também da tentativa da mineradora de fazer parecer que a situação está normal no distrito.
“A Vale tem conduzido um movimento para cortar o auxílio emergencial dos moradores. Não dialoga. Tentar fazer parecer que as coisas estão normais em Macacos, mesmo com essas evacuações”, reclama.
A educadora Tatiana Samsi, 37, afirma que a comunidade foi pega de surpresa e tem cobrado da mineradora o tamanho real da mancha de inundação.
“Essa foi a semana da Vale fazer gracinha com a comunidade. Disseram por meio do canal de comunicação que iriam cortar o auxílio emergencial às famílias e agora essa evacuação. Estamos desde novembro cobrando da empresa o tamanho real da mancha de inundação, mas sem sucesso. Hoje estão retirando cinco famílias, mas muitas outras podem ter que ser retiradas, já que não nos mostram a real mancha”, lamenta a moradora.